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Oscar 2020: começa a contagem regressiva para a premiação

No dia 9 de fevereiro, Los Angeles recebe a 92ª edição do Oscar. A estatueta mais famosa do mundo visa premiar os melhores filmes do ano. Em 2020, “Coringa” foi o longa com maior número de nomeações, 11 ao todo. “O Irlandês”, “1917” e “Era uma vez em… Hollywood” seguem próximos, com 10 indicações cada.

Apesar do destaque, a indicação de “Coringa” surpreendeu a crítica de cinema Helga Wirthmann Takeno. “No ano passado, ‘Pantera Negra’ foi indicado como melhor filme para a surpresa de muitos. Com a qualidade de ‘Coringa’, as pessoas especularam que ele também deveria concorrer, mas a novidade aqui é que se trata de um longa sobre um vilão”.

Além disso, o longa-metragem “História de um casamento” também foi uma indicação inesperada. “Não esperava que esse filme entrasse na disputa como melhor roteiro original. A história tem bons diálogos, mas não acho que seja ao ponto de dizer que é inédito”, acredita.
Em relação aos atores, na opinião de Helga, a indicação de Antonio Banderas foi merecida. “Ele já entregou excelentes trabalhos, como ‘A Pele que Habito’ (2011), é um ator com grande potencial e que, finalmente, foi explorado em ‘Dor e Glória’. Já Adam Driver, duramente criticado em Star Wars, foi uma surpresa. Jovem, ele teve uma boa atuação, mas não o suficiente para estar ao lado dos indicados do ano”.

Na parte feminina, a crítica de cinema observa que quando uma atriz entra no gosto da academia, ela é indicada por várias vezes. “É exatamente o que está acontecendo com Saoirse Ronan. Em sua quarta indicação, posso dizer que ela é uma boa atriz, contudo, o papel em ‘Adoráveis Mulheres’ não chega a surpreender, já sua colega e irmã no longa, Florence Pugh, mereceu a indicação como coadjuvante”.
Helga ressalta ainda que sentiu falta de alguns filmes. “Em minha opinião, ‘Aladdin’ deu um show em efeitos especiais e acreditei que seria indicado para a categoria junto com ‘O Rei Leão’, que recebeu a indicação. Além disso, em 2019 houve muitos filmes hollywoodianos com término de sagas antológicas, mas que não tem força para os principais prêmios”.

Favoritos
Na opinião da crítica de cinema, a estatueta mais aguardada, a de melhor filme, vai ficar com “Era Uma Vez em… Hollywood”. “Hollywood ama filmes que fala dela mesma, já vimos isso em outras edições. Além disso, nenhum dos outros indicados tem o perfil que, normalmente, ganha, talvez ‘1917’. ‘Era Uma Vez em… Hollywood’ tem elenco, história, direção e roteiro original. São vários os indicativos de que será o grande vencedor da noite”.

Helga observa ainda que o Oscar tem seguido uma tendência: a de corrigir certas injustiças das temporadas passadas. “A academia visa premiar atores que já mereciam há algum tempo receber a estatueta. Por isso, acredito que Joaquin Phoenix leva como melhor ator”.

A disputa de melhor atriz deve ficar entre dois nomes e, ao que tudo indica, será acirrada. “Charlize Theron está simplesmente incrível em ‘O Escândalo’, e Cynthia Erivo está ótima em ‘Harriet’.

Melhor diretor fica com Sam Mendes, a frente de “1917”. Já o prêmio de animação, segundo Helga, pode ficar com algum longa original. “Os roteiros inéditos têm ganhado espaço nos últimos anos. ‘Klaus’, que não chegou a ser nomeado no Globo de Ouro, ganhou os corações e é a grande aposta para a categoria neste ano”.

Brasil no Oscar
Para a surpresa e alegria de muitos, o documentário “Democracia em vertigem”, da diretora brasileira Petra Costa, foi indicado a melhor documentário. O longa, que foi lançado pela Netflix em junho de 2019, mostra o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a crise política no Brasil.

Para Helga, a indicação foi sensata, mas o documentário não deve levar a estatueta. “Pelo seu cunho mais político do que social. Mas o Oscar, às vezes, surpreende. Se um documentário brasileiro ganhasse, aumentaria o prestígio e a procura por produções nacionais. O cinema brasileiro está em ascensão e esse prêmio ajudaria os investidores a acreditarem mais em nossas produções melhorando o cenário cultural do país”.

Mudanças no Oscar
Entre polêmicas, erros e acertos, na opinião de Helga, o Oscar tem se tornado mais humano. “Ainda há muita política em jogo e vemos tendências claras que não valorizam a diversidade. O primeiro passo já foi dado com os negros e mulheres tendo mais visibilidade. Mas a diferença de cachê de atores e atrizes ainda é bem grande. E para outros tipos físicos que não condizem com o ‘ideal’ é maior ainda”.

Para ela, por isso o prêmio tem perdido referência, sem perder a importância. “É uma das premiações mais significativas, mas o cinema não gira em torno dela mais. Talvez isso tenha feito o Oscar mudar um pouco. A academia que se cuide, pois, se não houver mudanças, sua supremacia vai cair”, conclui.