Segundo uma pesquisa realizada pela Robert Half, uma empresa de soluções em talentos, 49% dos empregados pretendem buscar outro trabalho em 2023. Os entrevistados quando questionados sobre os objetivos da mudança, 61% apontaram a intenção de trocar de empresa, mas permanecer na mesma função; enquanto 39% afirmaram ter interesse em uma nova área de atuação, segmento ou profissão.
Entre os principais motivos que incentivam a busca por mudança de empresa estão melhores oportunidades de crescimento, salário mais alto, novos desafios, benefícios mais atrativos e trabalho remoto ou híbrido. Já para mudar de área de atuação, segmento ou profissão foi citada maior remuneração, mais qualidade de vida, realização pessoal, aprender algo novo e mais flexibilidade.
A especialista em desenvolvimento de liderança e cultura organizacional, Renata Lemos, destaca que após a pandemia, muitos profissionais começaram a valorizar outros momentos. “Eles buscam por oportunidades de desenvolvimento e mais equilíbrio entre os objetivos pessoais e profissionais. O trabalho não é somente um emprego, precisa estar relacionado com um propósito de vida”.
Conforme a pesquisa, os cinco principais aspectos que mais atraem os profissionais na empresa atual são remuneração, pacote de benefícios, possibilidade de crescimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e bom relacionamento com colegas e pares.
Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half na América do Sul, pontua que para as empresas se manterem atrativas e competitivas nesse panorama, o desafio é diário. “As companhias devem investir em políticas claras de trabalho, transparência das lideranças, além de bons pacotes de benefícios e remuneração, condizentes com as medidas praticadas pelo mercado”.
Renata acrescenta que os profissionais estão mais seletivos e buscando oportunidades que agreguem valor na carreira. “Para muitos, a virada de ano é sinônimo de renovação, pois pode ser a motivação que faltava para correr atrás de um novo sonho ou fazer uma mudança em sua vida”.
Realidade dos trabalhadores
O assistente operacional, Charles Oliveira, pontua que gostaria de mudar de trabalho em razão da não valorização profissional na atual empresa. “Vejo que o setor de Recursos Humanos das organizações vem deixando de lado esse aspecto humano e valorizando o operacional, que por sua vez, causa desgaste nas relações por não colocar pessoas qualificadas”.
Renata afirma que as empresas que não se adaptarem às novas vertentes do mercado terão dificuldades no futuro. “Humanizar espaços de trabalho, oferecer mais programas de benefícios e bem-estar, reconhecer funcionários de destaque, incentivos, premiações e elaborar programas de desenvolvimento profissional, são algumas ações que as organizações podem realizar”.
Ainda de acordo com ela, este ano será um bom momento para que os profissionais consigam mudar de emprego. “Cada vez mais as empresas estão buscando ser atrativas nesses aspectos e as pessoas estão tendo coragem de sair em busca do seu bem-estar”, conclui.
Desemprego em queda
De acordo com a última edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), a taxa de desemprego dos qualificados, pessoas a partir dos 25 anos com formação superior, foi de 4% no terceiro trimestre de 2022. Os dados do desemprego geral, que inclui essa categoria, no mesmo período, foram de 8,7%. Ambas são as mais baixas desde 2015, reforçando uma recuperação do mercado de trabalho.
Ainda de acordo com a pesquisa, ao analisar outro recorte, é possível avaliar que o sentimento de otimismo também atinge os profissionais desempregados. Segundo o levantamento, 33% deles estão confiantes em conquistar a recolocação nos próximos seis meses.
O ICRH aponta que, em linha, a resposta é positiva, já que 49% das empresas planejam realizar novas contratações no primeiro trimestre do ano. “Dentre os motivos, 68% pretendem abrir novos postos de trabalho, 55% querem preencher vagas em aberto e 35% vão precisar contratar para substituir profissionais”.