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Desemprego registra queda e atinge menor índice desde 2015

Crédito: Adenir Britto/CMSJC

De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego no país fechou em 8,7% no trimestre encerrado em setembro. Este é o menor índice desde o trimestre fechado em junho de 2015 (8,4%) e representa uma queda de 0,6 ponto percentual (p.p.) na comparação com o trimestre anterior, terminado em junho (9,3%) e de 3,9 p.p. frente ao mesmo período em 2021 (12,6%).

Conforme o IBGE, o contingente de pessoas ocupadas de 99,3 milhões cresceu 1% (mais 1 milhão) no trimestre e 6,8% (mais 6,3 milhões) no ano, batendo novamente o recorde na série histórica, iniciada em 2012.

O economista Ricardo Paixão destaca que a atividade econômica começa a ter uma melhora, mesmo que tímida, e isso impacta na contratação de pessoas. “Além disso, nossa economia tem uma peculiaridade que é a sazonalidade, quando vai se aproximando mais do final do ano, aparecem as datas comemorativas. E isso faz com que o mercado se aqueça e absorva os desempregados”.

Ainda segundo a instituição, a população desocupada de 9,5 milhões de brasileiros chegou ao menor nível desde o trimestre terminado em dezembro de 2015, com queda de 6,2% (menos 621 mil pessoas) no trimestre e 29,7% (menos 4 milhões) no ano. Já o nível da ocupação foi de 57,2%, o mais alto desde o trimestre terminado em outubro de 2015, subindo 0,4 p.p. no trimestre e 3,1 p.p. no ano.

A taxa composta de subutilização (20,1%), que são os indivíduos que estão desempregados, trabalham menos do que poderiam ou não procuram emprego, mesmo estando disponível, foi a menor desde o trimestre terminado em maio de 2016, caindo 1,1 p.p. no trimestre e 6,4 p.p. no ano.

Paixão afirma que o ritmo de geração de empregos está um pouco diferente do que foi visto anteriormente. “Em minha opinião, ainda não é sustentável, pois não temos um programa de crescimento da economia, com as cadeias produtivas todas articuladas. Para chegar aos níveis antes da pandemia ou aos de pujança da nossa economia, precisamos de um período maior para gerar um avanço significativo, que possa absorver o estoque de desempregados. Precisamos crescer no mínimo 3,5% ou 4% ao ano para que toda essa força de trabalho, que está à disposição, seja incorporada no mercado”.

Mercado de trabalho

A pesquisa da Pnad mostra também que houve um crescimento de 1,3% no número de empregados com carteira assinada em relação ao trimestre anterior, chegando a 36,3 milhões de pessoas. Na comparação anual, o contingente cresceu 8,2%.

Já o índice de empregados sem carteira assinada no setor privado (13,2 milhões de brasileiros) foi o maior da série histórica, iniciada em 2012, apresentando estabilidade no trimestre e elevação de 13% (1,5 milhão de pessoas) no ano.

A taxa de informalidade foi 39,4% da população ocupada, contra 40% no trimestre anterior e 40,6% no mesmo trimestre de 2021. O índice de trabalhadores informais chegou a 39,1 milhões.

Setores que cresceram

De acordo com o IBGE, por grupamentos de atividades, cresceram, na comparação trimestral, o setor da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (1,8%, ou mais 315 mil pessoas) e outros serviços (6,8%, ou mais 348 mil brasileiros). Os demais se mantiveram estáveis.

O número de empregados no setor público foi o recorde da série histórica (12,2 milhões), crescendo 2,5% (291 mil indivíduos) no trimestre e 8,9% (989 mil pessoas) no ano. Esse aumento foi puxado pelos empregados do setor público sem carteira assinada (3,1 milhões), que registrou aumento de 11,6% (317 mil pessoas) no trimestre e 35,4% (799 mil brasileiros) no ano.

Renda média sobe

Outro destaque do estudo é o rendimento real habitual que cresceu, pela primeira vez desde junho de 2020, tanto na comparação trimestral (3,7%) quanto na anual (2,5%), chegando a R$ 2.737.

Segundo a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, “o crescimento do rendimento real está relacionado à redução da inflação, proporcionando ganhos reais. O rendimento nominal, que não desconta a inflação, já vinha crescendo em 2022, enquanto o real estava registrando queda. Na medida em que há uma retração da inflação, passa-se a ter registros de crescimento no rendimento real”.