O pole dance é popularizado como uma dança sensual e sempre associada à erotização do corpo, mas os praticantes dessa modalidade não só rejeitam esse status como têm lutado por mais espaço e adeptos.
Pioneira no ramo, a Federação Brasileira de Pole Dance (FBpole) foi a primeira a criar um Código de Regras e Arbitragem para os campeonatos no Brasil e no exterior. Após essa medida, os atletas tomaram conhecimento do sistema de julgamento e pontuação dos movimentos e os julgadores puderam atuar de forma mais justa, uma vez que se atribuiu um valor técnico a cada um deles.
A primeira edição da Pole World Cup, promovida pela FBPole, aconteceu em 2011 e contou com a vinda de 68 atletas oriundos de 14 países. Já a segunda teve a participação de mais de 100 esportistas, representando 26 diferentes nações. Também são realizados o Campeonato Brasileiro de Pole Dance e o Campeonato Pan-americano de Pole Dance.
A proprietária de um estúdio dessa modalidade em Belo Horizonte, Julia Lery, diz que a dança ajuda no ganho de força, resistência e consciência corporal. “Quando fazemos as coreografias, temos um treino cardiorrespiratório interessante e, além disso, há também uma aceitação da imagem corporal, o cliente passa a ver que é capaz de fazer coisas que nem imaginava”.
Ela acrescenta que isso auxilia ainda na autoconfiança, autoestima e até numa melhor qualidade do sono. “É importante termos um momento para cuidarmos de nós. Eu sempre digo que não podemos pensar que o exercício físico substitui a terapia, porém é um aliado, já que liberamos endorfinas e criamos um espaço de tempo em que todos os problemas ficarão do lado de fora”.
Em casa
Com a pandemia, muitas academias e estúdios decidiram dar aulas on-line para alguns alunos que possuíam a barra em casa, mas a proprietária recomenda sempre realizar os movimentos na presença de um profissional. “Ela não é muito acessível para a maioria dos alunos e, além disso, é perigoso, principalmente para os iniciantes, pois o risco de queda e lesão é grande. Se o profissional for à sua casa dar uma aula particular ou você já estiver em um nível avançado é mais tranquilo, mas fora isso sempre aconselho ir ao estúdio”, ressalta Julia.
O estudante Tomaz Diniz começou as aulas de pole dance no final de 2019 e relata que nem sempre é visto com bons olhos. “As pessoas acham que você é stripper ou gay. Até mesmo minha mãe e meu pai estranharam no início, mas, hoje, já estão tranquilos. É algo diferente que fiquei receoso de começar, entretanto, atualmente, vejo os resultados físicos e me sinto muito bem, pois tenho mais força e tonificação dos músculos. Não percebemos o quanto de força é necessária para aguentar o próprio peso fazendo todas aquelas acrobacias, é bem subestimado”.
A professora, Márcia Oliveira, de 49 anos, conta que sempre achou interessante a dança, mas não tinha coragem de começar por já se considerar velha. “É muito atrelado à sensualidade, então sempre imaginamos mulheres jovens, bonitas e em forma praticando. Quando uma amiga me encorajou percebi que deveria ter entrado antes. Saio de cada aula me amando ainda mais, faço amizades e me sinto muito mais ativa, forte e elástica. O pole dance não tem gênero e idade certos para a prática”.
Esporte?
O pole dance foi reconhecido internacionalmente como esporte pela Global Association of International Sports Federation (GAISF), porém no Brasil, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou esse status.
Segundo a Corte, para ministrar aulas da atividade, que foi classificada apenas como dança, não é necessário um profissional formado em educação física. “Existem vertentes que são mais voltadas para o esporte, para a dança e/ou para o sensual, então o debate ainda está em disputa. Cada um tem sua opinião, eu considero que seja uma dança acrobática. Claro que a prática é esportiva no sentido de envolver força física, mas o objetivo, para mim, não é uma competição”, conclui Julia.
