A maneira como os brasileiros consomem vídeos da internet tem mudado ao longo dos últimos anos. Se antes a plataforma era usada apenas para lazer e entretenimento, agora também serve como fonte de aprendizado para muita gente. Segundo dados da pesquisa Why Video 2021, 9 em cada 10 pessoas utilizam o YouTube para buscar conteúdo educacional. Os números podem ser explicados pela facilidade no acesso das informações e pela forma simples em que conteúdos complexos são transmitidos.
E o acervo disponível on-line é bem extenso, variado e gratuito. Existem canais que são voltados para o ensino da matemática, física, química, português, história, assim como aqueles com teor mais diversificado. Para prender a atenção do usuário, alguns vídeos trazem a explicação de maneira descontraída e com alguns efeitos visuais que ajudam a fixar as lições. No país, 91% dos espectadores disseram que o YouTube os ajuda a aprender algo novo, com um conteúdo de alta qualidade (83%) e que não conseguem encontrar em nenhum outro lugar (74%).
O estudante Gustavo Paiva, 16, tinha dificuldades na disciplina de física. Sem condições de pagar por aulas particulares, o rapaz encontrou nos vídeos on-line uma forma de desenvolver o aprendizado. “Essa é uma das matérias mais complicadas. Consigo interpretar todas as questões e montar a equação. Mas quando chega na parte de usar as fórmulas fica difícil e nunca chego em um resultado. Às vezes, levo quase uma hora para resolver coisas simples. Mesmo prestando atenção e pedindo ao professor para explicar novamente, não consigo absorver muito bem o conteúdo”.
Ele descobriu um canal no YouTube com diversos vídeos que explicam a matéria de forma didática. “É um complemento do que aprendo na sala de aula. E o bom é que é de graça e está sempre disponível. A gente pode voltar no ponto que quiser, assistir várias vezes e pausar para fazer anotação. No último bimestre notei que minhas notas melhoraram bastante”, conta.
Para a professora e especialista em educação Raquel Almeida, essa é uma tendência constante no Brasil. “Existem as faculdades a distância em que os cursos são ministrados totalmente pela internet, modalidade que conquistou muitos alunos ao longo dos anos. Também têm cursos que são presenciais, mas que uma porcentagem das aulas são feitas on-line. Até mesmo a prova do Enem começou a ser feita de forma digital. Sendo assim, a maneira como os conteúdos são passados em sala devem sofrer mudanças para se adaptar a esse novo modelo”.
Raquel salienta que a internet já foi motivo de problemas dentro de casa, pois a maioria dos pais imaginavam que ela era usada apenas para lazer. “A gente não pode ignorar as potencialidades que a ferramenta traz. Aqueles alunos que têm mais dificuldade de aprender podem facilmente acessar à rede e buscar materiais de apoio. Inclusive, quem domina a internet tem uma vantagem competitiva a mais no vestibular. Isso porque a tecnologia tem a questão da interatividade, com vídeos, gráficos, exercícios complementares e animações, que podem melhorar a absorção dos conteúdos”.
Ainda segundo a especialista, o aluno não só pode estudar pelo computador, mas também tem a possibilidade de acessar tudo pelo celular ou tablet. “Com toda essa facilidade, o ideal é criar uma rotina e evitar distrações. No YouTube, existem os vídeos sugeridos que ficam em uma aba na lateral. Eles podem acabar desviando a atenção. O conselho é criar uma conta específica apenas para estudar. Também é bom definir quanto tempo por dia você vai se dedicar ao assunto. Se já assistiu a um mesmo conteúdo diversas vezes e não consegue absorver, pare de estudar, descanse um pouco e volte depois com mais calma”, conclui.