O ano de 2019 foi o segundo mais quente registrado na história. Dados do serviço europeu Copernicus também apontaram que essa é a década mais quente registrada. O ano passado ficou apenas 0,04°C atrás de 2016, período com maior índice de temperatura. Porém, nessa época, o clima foi diretamente afetado pelo fenômeno climático El Niño.
Os últimos 5 anos foram os mais quentes, o termômetro registrou 1,1°C e 1,2°C a mais em comparação a era pré-industrial. As temperaturas em 2019 foram 0,6°C acima da média para o período 1981-2010. O serviço europeu Copernicus afirmou ainda que as concentrações de CO2 na atmosfera continuaram a aumentar no ano passado.
O consultor ambiental, Aguinaldo Leite, atribui às altas temperaturas aos gases de estufa por emissões antrópicas. “Temos consumido muito e, para isso, a indústria tem extraído elementos naturais e os processado numa proporção nunca vista ou pelo menos nunca medida. Os processos industriais, recentemente, começaram a ser homologados e certificados para garantir a redução de gases e que sejam mais limpos, contudo, ainda são poucos os países que possuem legislação e fiscalização sobre esse tema”.
A maioria dos gases e processos produtivos são gerados pelos seres humanos. O consultor ambiental ainda aponta o alto índice de consumismo da sociedade como grande causador das mudanças climáticas. “Tudo está baseado no consumo. Somos incentivados e motivados a comprar cada vez mais, seja por impulso tecnológico, modismos ou até mesmo por necessidade”.
Ele acrescenta que, para que essa lógica consumista seja eficiente, os produtos precisam durar cada vez menos e se tornarem obsoletos rapidamente. “No fim desse processo, descartamos o que não nos serve mais, gerando assim um excesso de resíduos absurdos. Um brasileiro gera 1 kg de lixo diariamente”.
O especialista adiciona que, segundo dados geológicos, o planeta Terra já passou por mudanças climáticas severas ao longo de sua existência e que inúmeras espécies foram extintas. “As alterações climáticas geradas pelo homem nunca foram vistas na história, no entanto, acredito que a tecnologia e o conhecimento disponível hoje permitem pensarmos em modelos econômicos sustentáveis, no qual a harmonia entre a necessidade de exploração de recursos seja equilibrada com a capacidade de produção natural ou ao menos mitigar as diferenças quando surgirem”.
Nossa parte
Leite acrescenta hábitos que devemos ter para melhorar o clima. “Adotar modelos de consumo consciente, no qual haja preocupação com o que está sendo consumido, o que foi extraído e qual será o destino das embalagens dos produtos. Se os consumidores forem conscientes, o comércio e a indústria se transformarão para atender as exigências desse público”.
Se não adotarmos esses hábitos, as próximas gerações sentirão as consequências. “Teremos um avanço no quadro das mudanças climáticas. É difícil prever, mas podemos ter uma ideia do que é o aumento de 2°C para o planeta olhando os fenômenos que já estão acontecendo e, a partir disso, dimensionar o potencial destrutivo que está por vir”, conclui.