Os jovens entre 16 e 25 anos, pertencentes a geração Z, estão financeiramente mais ativos dentro de suas famílias. Segundo pesquisa realizada pelo Grupo Consumoteca, 72% deles ajudam nas despesas domésticas. Isso porque 64% das pessoas moram com o pai, mãe, tios e outros parentes, enquanto 33% residem com o cônjuge ou o namorado.
Ainda de acordo com o levantamento, as despesas variam desde pagar uma conta fixa por mês até dividir na metade os gastos totais da casa. Dentro da faixa etária entre 16 e 25 anos, 63% dos entrevistados já têm fonte de renda própria, sendo 24% como trabalhador autônomo e 28% no setor privado.
A estudante de nutrição, Mayara Campos, 24, precisa ajudar nas despesas mensais de sua casa. “Moram meus pais, irmão e eu. Todo início de mês contribuo com R$ 150, referente as contas de internet, luz e água. Eu faço estágio em uma clínica e recebo cerca de R$ 1.200. Além de ajudar minha família, também preciso pagar parte da mensalidade da faculdade, fundo de formatura, transporte e o lanche. A quantia que sobra é muito pouca e guardar dinheiro é algo quase impossível para mim”, reclama.
Embora a maior fatia da amostra se concentre nas classes B (37%) e C (58%), com renda entre R$ 1.200 a R$ 2.400, a classe social nada tem a ver com o comportamento desta geração. De maneira geral, os jovens querem contribuir com o pagamento dos gastos mensais. “Há, na juventude, um desejo por independência e liberdade advindas do comprometimento com os custos da vida doméstica e com ter o próprio dinheiro”, afirma Michel Alcoforado, antropólogo e sócio fundador do Grupo Consumoteca.
A crise sanitária de COVID-19 impactou a renda das famílias de forma drástica. Com esse cenário, se tornou importante e até necessário um complemento financeiro para que todas as contas fossem pagas.
“Por um lado, para pais, parentes, cônjuges ou namorados, a contribuição vinda dos jovens foi uma ajuda financeira muito bem- -vinda. Por outro, para a geração Z, é importante ter a liberdade de decidir o que desejam para suas vidas e a forma de conquistá-la. A ideia é que, se pago minhas próprias contas, posso ter o controle sobre a minha vida. Os jovens querem ter autonomia para viver como desejarem e a independência financeira é o caminho para isso”, diz Alcoforado.
Mercado de trabalho
Pesquisa feita pela Deloitte mostra que 36% da geração Z no Brasil está menos propensa a deixar seus empregos nos próximos 2 anos. Por outro lado, 30% dos brasileiros desta geração pretendem ficar mais do que 5 anos nos trabalhos atuais. A insatisfação com o salário (17%) e a falta de oportunidades de aprendizado e desenvolvimento (16%) são as principais razões.
Mais da metade (51%) dos brasileiros pertencentes à geração Z trabalha presencialmente. Porém, a maioria dos entrevistados (65%) prefere um modelo híbrido. Aqueles que tiveram a oportunidade de trabalhar remotamente citam benefícios como permitir que eles vejam sua família com mais frequência, sobrando tempo para fazer outras coisas de que gostam e ajudando-os a economizar dinheiro.