Home > Economia > Índice de Variação de Aluguéis Residenciais tem desaceleração

Índice de Variação de Aluguéis Residenciais tem desaceleração

No mês anterior, BH apresentou taxa de 5,97% e agora o índice chegou a 4,76% / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), em Belo Horizonte, registrou queda de 1,21% entre fevereiro e março de 2023. No mês anterior, a capital mineira apresentou a taxa de 5,97% e agora o índice chegou a 4,76%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), que calcula o indicador, o Ivar foi desenvolvido para medir a evolução mensal dos valores de aluguéis residenciais do mercado de imóveis no Brasil.

O indicador usa elementos de um amplo conjunto de contratos, obtidos com agentes do mercado imobiliário, como base. As informações são referentes aos valores dos novos acordos e dos reajustes de negócios existentes, além de características de cada imóvel. Os dados pesquisados pelo o estudo se referem a Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, além da capital de Minas Gerais. A abrangência setorial é de imóveis residenciais alugados.

Nas quatro cidades em que é pesquisado o Ivar, apenas Porto Alegre teve comportamento diferente na passagem de fevereiro para março. Na capital gaúcha, a taxa saiu de -4,71% para -1,67%. Nos demais municípios, houve desaceleração: São Paulo de 2,10% para 0,74% e Rio de Janeiro de 3,11% para 2,50%.

No intervalo de um ano (março de 2023/março de 2022), a capital mineira apresentou uma elevação de 12,12% para 14,79%, juntamente com o Rio de Janeiro (9,10% para 10,24%). Nas demais cidades, o índice teve pequenos recuos, São Paulo foi de 7,91% para 7,32% e Porto Alegre de 7,42% para 6,95%.

O economista Wesley Cantelmo explica que os preços dos aluguéis tiveram uma alta muito grande, principalmente na pandemia. “Isso ocorreu devido aos próprios reajustes, por a maioria dos contratos ainda estarem com a sua correção indexados ou vinculados ao Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), o que está sendo bastante revisto agora. Esse índice foi adotado como base para cálculo da variação do reequilíbrio de aluguéis durante a década de 1980, na crise da hiperinflação, era uma maneira de proteção do proprietário, hoje em dia, já não faz muito sentido”.

O economista aponta que observando o acumulado, percebe-se uma tendência de queda. “O índice teve uma alta muito grande durante a pandemia e ele vem agora, nos últimos meses, se recuperando. Ele está em baixa e isso tem impactado essa variação”.

Ele complementa dizendo que esses valores tendem a variar bastante. “Então, é difícil fazer uma previsão se ele vai continuar subindo ou descendo, porque são muitos fatores que impactam esse mercado. Algo que é um pouco preocupante, é a variação dos preços da construção civil, que pode levar a tendência de uma nova aceleração, não tão acentuada, como foi na pandemia, porém, pode impactar”.

Índice nacional

Na média nacional o Ivar subiu 0,97% no período. O resultado significa nova desaceleração em relação à taxa mensal do mês anterior, quando registrou 1,06%. Após o percentual de março, o acumulado em 12 meses avançou de 8,73% em fevereiro para 8,90% no mês seguinte.

Para o coordenador do IPC Brasil do FGV/Ibre, Paulo Picchetti, o resultado acima da inflação no acumulado dos 12 meses mostra que os aluguéis residenciais estão recompondo os valores reais anteriores à pandemia. “Naquele momento, várias negociações, no contexto da piora do mercado de trabalho, fizeram com que os aluguéis tivessem inclusive quedas nominais na média”, lembra o economista.

Ele conclui dizendo que essa recomposição ainda deve durar um tempo, mas não representa perspectiva de aceleração no indicador para o resto do ano. “Na própria esteira da redução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se tornou um dos principais indexadores dos contratos de aluguel residencial e da própria desaceleração do nível de atividades esperada para a economia brasileira, os reajustes dos aluguéis para os próximos meses devem tender para a estabilidade e levá-los mais próximos à taxa de inflação”.