O estresse está cada vez mais presente na sociedade moderna, seja no trabalho ou na vida pessoal. Ele é entendido como uma necessidade fisiológica de autoproteção e reação natural a uma situação de risco. No entanto, o problema é quando ele passa a ser uma situação recorrente da rotina, atingindo altos níveis.
Um novo estudo norte-americano sugere que o estresse mental prejudica as defesas do nosso organismo, o que pode levar a uma maior frequência de doenças. A pesquisa feita por cientistas da Universidade do Sul da Califórnia, com 5.744 adultos de mais de 50 anos, revelou que níveis elevados estão associados a sistemas imunológicos mais envelhecidos, com redução de atividade e, portanto, menos eficientes.
O artigo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e mostrou que o envelhecimento imunológico pode levar ao câncer, patologias cardíacas e outras condições de saúde relacionadas à idade, além de reduzir a eficácia das vacinas, como a de COVID-19.
O nutricionista e especialista em nutrição funcional esportiva, Diogo Círico, diz que o estresse associado a maus hábitos pode gerar uma infinidade de patologias, sendo que as principais são aquelas chamadas de doenças crônicas não transmitidas. “Problemas cardiovasculares, dislipidemias, obesidade, hipertensão, câncer, diabetes, etc. Para termos uma ideia da gravidade desta situação, elas são responsáveis por 72% da mortalidade no Brasil e mais prevalentes entre as pessoas de baixa renda por estarem mais expostas aos fatores de risco”.
Círico relata que os sintomas físicos e mentais dependerão do nível e da origem de estresse enfrentado pelo indivíduo. “Por exemplo, por preocupação financeira é o crônico, com a ocorrência de picos eventuais. No ocupacional, geralmente há mais picos, pois é aquele determinado pelo ambiente de trabalho caótico. De uma forma geral, os indícios mais frequentes são indisposição; dificuldade para dormir; tensão muscular; boca seca; taquicardia; aumento da pressão arterial; cansaço físico muito intenso; dor no estômago; sensação de tontura e pesadelos”.
Para o nutricionista, existem diversas estratégias alimentares que podem auxiliar o sistema nervoso a produzir uma boa resposta frente ao estresse. “Alguns alimentos são mais benéficos, como o chá de camomila que produz um efeito calmante, assim como a alface e o farelo de aveia e de trigo, entre outras fontes de magnésio. Além disso, ainda temos o abacate, frutas e peixes”.
A analista de marketing Gabriela Silveira diz que na pandemia seu nível de estresse aumentou, por causa do trabalho e preocupação com familiares e amigos. “Eu estava com uma agitação grande, falava e comia rápido. Até que comecei a ter perda de apetite e alterações no sono, dormia cada vez pior e cheguei numa fase que eu não conseguia mais fazer minhas atividades do dia a dia adequadamente. Foi assim que desenvolvi um quadro de ansiedade”.
Ela conta que resolveu melhorar sua qualidade de vida, pois estava com medo de que doenças cardíacas pudessem ser desenvolvidas. “Procurei um cardiologista porque sentia os batimentos acelerados e fiquei com medo de estar com pressão alta e, consequentemente, ter um infarto ou Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas felizmente o quadro não estava tão sério a esse ponto. Depois disso, comecei a me alimentar melhor, fazer atividades físicas diariamente e procurar algo para me distrair da rotina. Também passei a organizar minha semana, entrei na terapia e, hoje, procuro me divertir e relaxar mais”.
Círico conclui dizendo que atividades físicas podem favorecer a resposta orgânica frente ao estresse crônico por meio de diferentes ações e o sono é um elemento fundamental para a recuperação física e psicológica. Para ter uma rotina mais benéfica, ele aconselha: “Tenha uma dieta saudável, durma em quantidade e qualidade suficientes, pratique atividade física, evite hábitos, como tabagismo, etilismo e uso de outras drogas, beba água e procure uma forma de gerenciar o estresse emocional”.