Os casos de COVID-19 têm crescido em Belo Horizonte e em todo o estado de Minas Gerais. Após a queda nos diagnósticos da doença – registrada de março para abril – em maio, houve um aumento de 12% nos testes RT-PCR realizados em rede pública. Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde e apontam para um aumento expressivo: 59 mil casos foram confirmados no último mês. A média diária, segundo os boletins, é de 6.470 novos casos por dia.
Belo Horizonte segue esse aumento. Na semana do dia 30 de maio até 3 de junho, houve um crescimento de 286,8% nos atendimentos em Centros de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da cidade, de acordo com dados do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sindibel). De acordo com a análise, neste período foram assistidos 25.800 pacientes com suspeita de gripe ou COVID-19.
O infectologista Estevão Urbano indica que há uma nova onda da doença acontecendo. “Existe um número muito grande de infecções, mas na comunidade, ou seja, há menos demanda por internação. Os casos têm sido mais leves, principalmente pela proteção conferida pela vacina. Contudo, eles podem causar um mal estar para quem os contrair. Temos observado também o que estamos chamando de COVID longa, que é quando o paciente tem sintomas por um período prolongado”. O infectologista Leandro Curi fala sobre os sintomas apresentados nesse período. “A Ômicron e suas variantes são menos mortais. Contudo, é o avanço vacinal que tem feito com que os casos fiquem mais leves. Pessoas já imunizadas estão apresentando sinais semelhantes as doenças como resfriado, gripe e faringite. É um incômodo na garganta, nariz escorrendo, dor de cabeça, espirro e tosse”.
Foram esses os sintomas apresentados pelo torneiro mecânico João Pedro Silva. Ele conta que não desconfiou de COVID no início, pois acreditava ser um resfriado devido à mudança de tempo e clima seco. “Só que aí outras pessoas da empresa começaram a ter os mesmos sintomas. Um deles fez o teste e deu positivo, quando eu fiz o meu, deu positivo também”.
Ele conta que levou um susto. “A gente pensa que está vacinado e não vai acontecer mais. Só que, como todos os especialistas estão falando, a COVID ainda está aí, podemos pegar ela mesmo vacinados. Contudo, essa é a segunda vez que pego, não há o que comparar. Na primeira, sem a vacina, eu fiquei muito mal. Agora, foi uma coisa bem leve e menor”.
Curi acrescenta: o uso de máscara ainda é fundamental. “As vacinas estão aí para evitar que as pessoas evoluam para quadros complicados da doença. Mas elas não protegem contra a transmissão. A vacina que nós temos para essa transmissão é a máscara. Eu sou a favor da obrigatoriedade do uso”.
Urbano também acredita que o uso da máscara segue sendo fundamental. “Nós estamos em uma nova onda, por isso, é importante usá-la principalmente em locais fechados e aglomerados. Precisamos dessa proteção até que os números melhorem. Principalmente para proteger os que têm maior risco de doença grave, ou seja, os imunossuprimidos”.
O clínico geral Pedro Sampaio aponta que esse deve ser um cuidado que toda a população deve ter. “O uso de máscara vai da consciência de cada um, independente das prefeituras liberarem ou não. É importante ressaltar que a troca dela deve ser feita com frequência, pois uma máscara usada por muito tempo emprega uma falsa proteção. Além disso, a máscara de pano não é indicada para proteção da Ômicron. O ideal é a n95 ou a máscara cirúrgica”.
Outros cuidados também devem ser tomados de acordo com o especialista. “Máscaras em locais cheios, evitar ficar muito perto das pessoas, e sempre higienizar as mãos. Além disso, as empresas que puderem, devem manter seus funcionários trabalhando em home office”, conclui.