Dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) apontam que, no ano passado, o crescimento médio do setor foi de 15%. A análise considera as variações por segmento (flores de corte, em vaso, plantas verdes e suas inúmeras variedades, além de produtos para paisagismo). Para este ano, a expectativa é avançar 12% sobre 2021. Contudo, segundo a entidade, tudo isso dependerá da situação econômica do país.
O diretor do Ibraflor, Renato Optiz, explica que o mercado de flores cresceu em 2021, principalmente devido à mudança de hábitos dos consumidores durante a pandemia. “As pessoas ficaram mais tempo em casa e acabaram comprando mais plantas para deixar os seus ambientes, tanto interno quanto externo – como jardins e terraços -, mais verdes e floridos”.
Apesar do desenvolvimento, a crise sanitária impactou o segmento que ainda sente esses reflexos. “Nos 2 anos pandêmicos, diante da ausência de casamentos e de outros eventos, a produção de flores de cortes caiu drasticamente porque não havia mercado. Agora, com a retomada, existe um desequilíbrio grande, pois a demanda está maior do que a oferta. Até que essa situação se normalize, acontecerão alguns transtornos para o setor de uma forma geral”.
Ele acrescenta que houve aumento nos custos de produção, devido à falta de vários insumos – alguns deles atrelados ao petróleo do petróleo, como embalagens e vasos -, além da elevação dos preços dos fertilizantes, reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia. “A cotação do dólar alta também interfere na importação de mudas e bulbos, fora a despesa com energia elétrica. De uma forma geral, o valor de produção aumentou para o produtor”.
Expectativas
Mesmo com as dificuldades enfrentadas pelo setor hoje, Optiz mantém boas expectativas, principalmente no segundo semestre. “O mercado se aperfeiçoou, melhorou a questão logística e a qualidade das plantas. Todos os elos da cadeia se profissionalizaram, investiram e, com isso, as flores estão chegando mais rápido até o varejo, contribuindo para a redução das perdas”.
Ele conta que muitos segmentos têm movimentado o mercado. “Não apenas a retomada das festas, casamentos e de outros eventos, onde as flores de corte são, geralmente, mais utilizadas. As datas comemorativas também são importantes para o ramo. Além disso, o consumidor final tem tido mais acesso a uma maior opção de flores e plantas, seja pela internet ou nos pontos de venda, como supermercados e gardens centers, o que facilita as vendas”.
O dono de uma floricultura em BH, Maurício Lima, abriu seu negócio durante a pandemia. “O isolamento me trouxe uma nova opção de renda. As datas que mais impactam positivamente são o Dia das Mães e o Natal. Para este ano, pretendemos crescer mais. Inauguramos um quiosque em um shopping da capital e, no segundo semestre, abriremos outro”.
O também proprietário da floricultura, Iago Tameirão, diz que hoje vive uma grande instabilidade. “A crise sanitária ainda traz incertezas e tudo faz com que a gente fique com o pé atrás. Estamos tendo a oportunidade de trabalhar melhor, trazer o público de volta, mas existe uma insegurança”.
Para ele, o atual cenário não permite que o empresário tenha tranquilidade. “A qualquer momento pode acontecer alguma coisa no Brasil e impactar nossos negócios. Porém, estamos com a expectativa de trabalhar tomando todo o cuidado com nossos clientes e com a segurança de todos”, conclui.