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Realidades “no mínimo” pra lá de bizarras!

Foto: Divulgação/Internet

Infames detentores do poder sempre utilizam impostos arrancados do povo para esbanjar com eles mesmos e usar sobras para agradar seus guardiões armados, sobretudo em farras e orgias. É o que narram historiadores sobre 2 mil anos atrás, quando da egípcia Cleópatra e dos romanos Calígula e Heliogábalo – pouco conhecido pois, à época do sucesso de hollywoodianos filmes épicos, a censura proibia excesso de sordidez.

No combalido Brasil de hoje, é curioso que, para militares no governo Bolsonaro, além de 11,2 milhões de azulzinhos Viagra (em apuração o absurdo crescimento… do preço: 550%) e próteses penianas infláveis estilo “Kid Bengala” (25 centímetros), haja abusada compra de botox e lubrificantes íntimos! Tudo bem que usem e abusem, o mundo mudou, a diversidade é questão pessoal de cada um e, felizmente, quase ninguém, mesmo puritano, se enrubesce com os chegados ao estilo “noivinha do Aristides”. Por bel-prazer ou necessidade, que os interessados, não apenas civis, adquiram por conta própria tais artefatos, remédios ou lá que nome tenham.

As Forças Armadas, íntegras em sua quase totalidade, não carecem e devem repudiar privilegiados afagos do debochado que se proclama imbroxável, mas vetou, alegando não ter recursos, que a população feminina de extrema pobreza ganhe absorventes. Dinheiro jamais faltou para compras de cerca de mil toneladas de filé mignon, lombo de bacalhau, picanha e salmão, além de whiskies 12 anos, juntamente com 80 mil garrafas de cervejas especiais, iguarias destinadas aos cardápios das cantinas de quartéis, locais onde certamente não foram degustadas.

Mais preocupante é constatar que Jair Bolsonaro (PL) se dispõe a tudo para continuar presidente, ferindo abertamente o Artigo 37 da Constituição: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”. Com postura de esdrúxulo marginal, ainda apregoa que todos devem repelir e não cumprir leis que, avalia, possam debilitá-lo.

Qualquer ocupante de cargo público deveria ser enquadrado, julgado e responsabilizado ao afiançar com sarcasmo que “embrulha o estômago” cumprir a Constituição e criticar como “inaceitável, inadmissível e inconcebível” toda ação que evite proliferação de fake news.

Propagador de mentiras e desvarios que é, Bolsonaro, em Americana/SP, “coroou” motociata jurando que “ninguém tira o direito de vocês, nem por lei, de enviar mensagens como quiser”, e que esse tipo de acordo “não tem validade, nós sabemos como proceder”. Se referia ao WhatsApp, cuja direção se reuniu (27 de abril) com o clã presidencial, esclarecendo que não sofreu pressão do Superior Tribunal Eleitoral (STE) ao postergar, para após a eleição de outubro, ampliar o uso simultâneo de encaminhamento para 512 destinatários. Sem megagrupos, fica complicado multiplicar o impacto dos boatos, mentiras e ataques que o gabinete do ódio, montado no Palácio do Planalto, já distribui “a rodo”!

Por coincidência, no mesmo dia 27, Daniel Silveira tomou posse em cinco comissões da Câmara dos Deputados, incluindo a de Constituição e Justiça e a vice-presidência de Segurança e Combate ao Crime Organizado. Foi um provocativo escárnio ao Supremo Tribunal Federal que o condenou a cumprir oito anos de prisão. O “bombado” foi afagado e perdoado por ambíguo decreto de seu amigão dono da caneta!

Voltando às motociatas, em Ribeirão Preto, onde também houve cavalgada, Bolsonaro bradou que “povo armado jamais será escravizado” e que “só Deus o tira da cadeira presidencial”. Agressivo, desafiou o Judiciário a prendê-lo ou cassá-lo, por não aceitar urna eletrônica. Armamentista inconsequente, talvez queira receber voz de prisão para justificar botar nas ruas o que chama de “meu exército” e tentar um golpe – salvaguarda para ele, intocáveis filhos e apaniguados.

Em meio à barafunda entre Poderes, junto de políticos bons e honestos (nem sempre capazes) a mescla dos “picados pela mosca azul presidencial” inclui – de fato ou supostos – corruptos tradicionais e aprendizes, aproveitadores em busca de fama e dinheiro, ou interessados em acordos de apoio e um lugarzinho no novo governo. Não poderiam faltar o eterno Eymael, que renasce de 4 em 4 anos e pela sexta vez se candidata, atento à verba do fundo eleitoral; e o irascível Ciro Gomes, pela quarta vez sonhando com o Palácio do Planalto.

Na complicada variedade de pretendentes, persiste o cruel arruaceiro que ameaça bater o pé e cantar “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. No outro extremo, Lula, contagiado pelo besteirol, afirmou que “policial não é gente”, rebaixou o presidente da Ucrânia a “esse cara se achando o rei da cocada”, desqualificou a Organização das Nações Unidas (ONU) e se descontrolou sobre relações internacionais. Nessa área, quem se autodenunciou ignorante para o cargo, foi André Janones. Em meia hora na Globo News, expôs seu “real saber” ao afirmar que o francês Macron é o presidente da Argentina. Sem noção de que Alberto Fernández ocupa a Casa Rosada desde 2019, ampliou incompetência simplificando: “presidente não necessita entender de política externa, pode aprender depois, desde que saiba o que empregada doméstica e pedreiro precisam”.

No Brasil acontece de tudo! Em 1958, a rinoceronte fêmea Cacareco obteve 100 mil votos (1º lugar) para a Câmara de Vereadores em São Paulo (só faltou tomar posse). Em 1998, o macaco Tião ultrapassou 400 mil votos para prefeito no Rio de Janeiro. Em 2018 (outro final 8), um personagem caricato foi popularizado nos programas humorísticos como ridículo mito. Graças a uma providencial facada, fugiu de debates que “o poriam a nu” perante eleitores. Com sufrágio de condoídos, de iludidos por dúbias promessas e de galhofeiros, acabou presidente. Como candidato foi cômico, mas não tem graça alguma o seu desgraçado governo.

*Sergio Prates
Jornalista
pratesergio@terra.com.br