Dentro de campo o futebol mineiro segue seu ritmo normal. Terminamos agora mais um campeonato regional em seu modulo principal. Doze clubes participaram, sendo oito do interior e quatro da região metropolitana de Belo Horizonte. As dificuldades foram as de sempre. Dinheiro é curto, estádios ruins, gramados piores ainda. Mas em termos de organização por parte da federação tudo funcionou muito bem.
Em 2022 o futebol mineiro está bem representado. Na Série A Atlético e América. O mesmo na Copa Libertadores. Na Série B Cruzeiro e Tombense. Na Série D Caldense, Patrocinense e URT. Na Copa do Brasil Atlético, Cruzeiro, América e Tombense. A esperança é que todos consigam realizar boas campanhas. Quem sabe conquistando títulos. Pelo tamanho do investimento e do bom trabalho que vem sendo feito, o Atlético é apontado como favorito para grandes conquistas.
O maior problema é fora de campo. Os clubes em sua grande maioria sofrem muito com a falta de dinheiro. Trabalham com orçamento apertado e deficitário. As são relevantes.
Clubes tradicionais vêm perdendo patrimônio e credibilidade. Alguns infelizmente já fecharam as portas, outros tentam resistir bravamente graças ao apoio de um ou outro abnegado.
Nesta tentativa maluca de sair do sufoco, o sonho de todos é virar Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Como se isto fosse um milagre. Mudou o CNPJ e pronto. Tudo resolvido. As dividas evaporam, o novo do contrata vários craques, monta um time capaz de vencer todos os obstáculos dentro e fora de campo. Que bom se fosse verdade.
Infelizmente não é. A SAF é interessante e viável. Primeiro é preciso encontrar investidores de verdade dispostos a trabalhar com seriedade no mercado do futebol. Tem muito picareta prometendo o que não pode entregar. Experiências já fora feitas, antes a lei, com o pomposo nome de clube empresa. A maioria se lascou. Não conquistou nada e ficou uma divida enorme. O salvador ou salvadores da pátria levaram a escada e deixaram o clube dependurado na brocha.
A ideia de transformação em SAF é interessante e salutar. O time passa a ter dono e ninguém melhor para tomar conta do negocio do que o dono. Ele sabe o que pesa em seu bolso. Isto é antigo.
O primeiro time de Minas a assumir a novidade é o Atlhetic Club de São João Del Rey, cidade histórica do nosso interior. É um projeto inicial que já vem dando bons frutos. O time saiu do nada e já é campeão do interior. Realizado por empresários da cidade, gente que conhece bem a historia do clube e são bons administradores. Tem tudo para dar certo.
A bola da vez é o Cruzeiro. Famoso no mundo inteiro, dono de vários títulos importantes e de uma torcida imensa. Sem dúvida um dos maiores clubes esportivos das Américas, quem sabe do mundo. Vem passando por um terremoto terrível, fruto de péssimas administrações para não falar outras coisas. Ronaldo Fenômeno, ex-craque, forte empresário e empreendedor do segmento esportivo propôs a compra do time, transformando tudo em SAF sob a sua batuta.
Apesar da resistência de um ou outro conselheiro, a maioria deles, assim como da totalidade dos torcedores apoiam o projeto. Mesmo porque não existe alternativa melhor.
Outros times sonham ou estudam projetos para entrar neste mercado. Repito. A lei favorece. A ideia é boa, mas é preciso cuidado. Critério. É coisa para profissionais.
Encontrar investidores sérios, criar um plano de negocio viável e ter alta disposição para arregaçar mangas e trabalhar muito não é tarefa simples.
Dentro de campo vale a paixão. Fora dele tem que prevalecer a razão. Caso contrário vira só aventura, correndo o grande risco de acabar ficando totalmente por fora da bola.
*Luiz Carlos Gomes
Presidente da Associação Mineira de Cronistas
Esportivos (AMCE ) – amce@amce.org.br