O brasileiro buscou novas práticas para manter a saúde em dia durante a pandemia. Um levantamento do Google combinou o interesse por diversas modalidades, por meio das pesquisas em sua plataforma, com o comportamento no YouTube, além de dados das análises de 2006 a 2020 da consultoria especializada Sport Track. Segundo o estudo, 39% do público declara ter começado a fazer algum esporte novo, com destaque para caminhada (23%), corrida (18%) e bicicleta (10%). A pesquisa mostra ainda que a porcentagem dos que declaram praticar alguma atividade cresceu de 58% em 2018 para 69% em 2020.
De acordo com a análise, entre março e novembro de 2020, início da crise sanitária, as buscas por exercícios em casa cresceram duas vezes, além de um aumento no interesse por ciclismo (+144%) e natação (+230%). Os dados ainda revelam que a saúde e o bem-estar holístico aparecem como as principais razões da prática de esportes, muito à frente de questões como estética e hobby.
O fisioterapeuta Vitor Alvarenga explica que essas modalidades se evidenciam, pois podem ser praticadas de forma mais simples. “A COVID-19 teve uma influência forte nisso, não só pela questão da melhora das condições físicas diante do coronavírus em si, mas pela necessidade das pessoas buscarem se resguardar de ambientes fechados e, assim, darem preferência a esportes ao ar livre, evitando contato e aglomeração. Fora tudo isso, ainda teve o fato de as academias fecharem, o que também contribuiu para que a caminhada, corrida e o ciclismo aflorassem”.
Ele acrescenta que esses esportes auxiliam na prevenção de mais de 50 doenças. “Além de melhorarem o condicionamento físico, reduzem o percentual de gordura e auxiliam na respiração e no sono. A prática dessas atividades também trabalha a saúde mental, favorecendo o humor do indivíduo. O ideal é que o exercício físico seja praticado pelo menos três vezes na semana. É de extrema importância que a pessoa encontre aquilo que proporciona bem-estar a fim de que entre em sua rotina de forma prazerosa”.
Para o personal trainer José Samora Júnior, conhecido como Samorai, o esporte é democrático. “Não importa se você tem restrições físicas, de saúde ou mentais. Sempre vai existir alguma atividade que se enquadre nas necessidades de cada um. O importante é iniciar com o que dá para fazer e ir seguindo”.
Na hora de começar uma prática, o personal esclarece que é indicado fazer uma avaliação completa. “É preciso saber como está a saúde do coração, do pulmão, os níveis de pressão arterial, a mobilidade e força. É fundamental não extrapolar seus limites para não se machucar”.
O resultado, segundo ele, virá com o tempo. “É proporcional à dedicação. Mas é necessário ressaltar que, no exercício físico, é preciso dar um passo de cada vez. Neste sentido, o corpo vai se adaptando de forma regulada e acessível. O segredo é fortalecimento, preparação e condicionamento. Essa sequência pode levar nossa vida muito longe”.
Após um ano praticando ciclismo, o administrador Rogério Prado nota mudanças favoráveis em sua rotina. “Eu não fazia atividade física antes da pandemia. Mas quando o isolamento começou, a sensação de prisão e o medo do cenário que se formava me deixavam muito ansioso. Fui orientado a buscar uma atividade para distração. Iniciei com a caminhada, ia sempre em períodos em que as ruas estavam mais vazias para manter a distância. E, em 2 meses, já percebi as diferenças. Então, decidi ir além e encontrei o ciclismo”.
Ele conta que o humor foi o que mais melhorou. “Consegui trazer o medo e a ansiedade a níveis racionais. Além disso, voltei a dormir melhor e me sinto mais disposto. Esteticamente, é inegável que houve transformações também. Essa, com certeza, é uma prática que não vou parar”, conclui.