O que era apenas uma especulação até então, passou a ter ares de plausível realidade. Nos bastidores da política mineira não se falou em outra coisa na última semana a não ser a propalada candidatura de Vittorio Medioli ao governo de Minas. Ele seria uma espécie de terceira via, minimizando a corda esticada entre o governador Romeu Zema (Novo) e o prefeito da capital, Alexandre Kalil (PSD).
Essa marcha do chefe do Executivo de Betim rumo ao Palácio Tiradentes vem sendo pensada desde o início de janeiro e, recentemente, tomou mais corpo depois de um contato direto dele com o ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato a Presidência da República pelo Podemos. Aliás, o Podemos também poderá ser a sigla a abrigar Medioli, isto se ambos não forem para o União Brasil, cujas conversações neste sentido avolumam-se nos escaninhos da política de Brasília.
“Ele tem nome para ser governador e uma história com Minas. Também é bom político, grande empresário, possui nível, visão social, sempre investiu aqui no estado e tem mídia”, dizem pessoas próximas.
Se quiserem disputar a eleição majoritária em Minas, tanto Medioli como Kalil terão de renunciar aos seus postos até o dia 30 de março, prazo final exigido pela atual legislação eleitoral. Quanto ao prefeito de Belo Horizonte, sabe-se que ele já teria tomado a decisão de deixar o seu cargo a partir do dia 25 de março. Inclusive, já tem um escritório de seu grupo político instalado em uma grande área na Zona Sul de BH. Ou seja, dificilmente recuaria de seu projeto político, mesmo diante da entabulada candidatura de seu velho parceiro, o atual prefeito de Betim.
Medioli, terceira via
Eis um comentário ouvido nos corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), relativamente ao arcabouço de uma candidatura de Medioli. “Ele tem uma leitura crítica do governo Zema, bem como recursos e independência para ser candidato”.
O distanciamento de Medioli perante o governador do estado parece ser uma realidade, a partir de posicionamentos mais contundentes de seus influentes veículos de comunicação, que têm estampado matérias contra o Executivo estadual, até mesmo expondo algumas decisões no mínimo questionáveis do poder central mineiro.
Segundo fontes ouvidas pelo Edição, o que se sabe é que o prefeito de Betim teria se irritado com a falta de sensibilidade do chefe do Executivo estadual em relação à discussão para construção do Rodoanel na região metropolitana da capital mineira. A partir disso, Medioli, um político que se gaba de nunca ter perdido uma eleição, já tendo passado pela Câmara Federal como parlamentar por alguns mandatos, resolveu se inserir na disputa pelo pleito deste ano. De imediato, procurou demarcar terreno, naturalmente, no campo de oposição ao governador.
A esperança dos meios políticos é que, mesmo temporariamente não tão próximos, em determinado momento o diálogo entre Kalil e Medioli volte a pautar uma convivência mínima para ombrearem um embate decididamente favorável. Sobre o governador Zema, eis outra pílula política nos bastidores da ALMG. “Ele não gosta da imprensa tradicional e desdenha os parlamentares”, dizem.