De acordo com uma pesquisa do Sebrae em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), 4 em cada 10 (40%) micro e pequenas empresas realizaram investimentos em 2021. Entre as companhias que mais injetaram dinheiro estão as do ramo da indústria (47%), seguidos pelos de serviços (39%) e comércio (35,2%).
O estudo também mostrou as dificuldades encontradas pelas empresas para investir no próprio negócio. Os três principais motivos alegados foram as incertezas sobre a manutenção do nível de demanda (44,6%), a limitação de recursos (42,1%) e o custo do financiamento (29%).
“Apesar da maioria dos pequenos negócios não ter conseguido fazer investimentos, vemos que os empreendedores têm procurado inovar e melhorar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, apesar das adversidades encontradas neste ano”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
O empresário Jayme Magalhães é proprietário de uma confecção de roupas masculinas e fez um bom investimento no seu negócio no primeiro semestre do ano passado. “Nós adquirimos uma máquina automática de bordar mais moderna e apostamos no treinamento de dois dos nossos funcionários que vão operar o equipamento. A ideia é aumentar nossa produção em 30% em 2022 e lançar uma nova linha de produtos. Também precisamos reformular o espaço de trabalho para receber o dispositivo, trocar o piso e melhorar a fiação”, conta.
O total gasto foi de R$ 35 mil. “Esse valor foi conseguido com um empréstimo. Tentei obter a quantia e o banco negou por duas vezes. Na terceira vez consegui, mas com juros maiores, que quase triplicaram o montante inicial. Mesmo com todos os documentos financeiros em dia foi difícil pegar esse dinheiro, que pretendo pagar em 24 meses. Acredito que muitos outros empresários não investem em melhoria por conta da burocracia das instituições em conceder crédito”, reclama Magalhães.
Geração de empregos
A indústria é o único setor que apresentou uma melhora na perspectiva de contratação para o próximo trimestre. Segundo a sondagem, 16,4% dos empreendedores desse setor pretendem aumentar seus quadros de pessoal, contra 15% que tinham a mesma intenção em outubro, e outros 68,9% vão manter o mesmo quantitativo de funcionários.
Magalhães afirma que vai aumentar o quadro no próximo trimestre. “Atualmente, temos 50 colaboradores. Nosso objetivo é contratar mais 10 para atender a demanda de aumentar nossa produção em 30%. Também precisamos de pessoal para confecção da nova linha de inverno 2022”, revela.
Apesar do segmento de serviços ser o que mais pretende contratar, com 18,2%, a intenção de ampliação de pessoal caiu em relação a outubro, quando 21,8% dos donos de pequenos negócios tinham esse desejo, e outros 76% pretendem manter seus contratados, fazendo com que apenas 5,8 % pensem na possibilidade de demissões.
Já entre os empreendedores do comércio, 10% planejam contratar, 81,3% querem manter seus quadros e outros 8,7% pensam em demissão. Em 2021, os pequenos negócios foram responsáveis por 70% das novas vagas de trabalho criadas e por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo dados do Sebrae.