Dados colhidos pela Imovelweb apontam que o aluguel em Belo Horizonte está mais caro. O valor médio mensal de um imóvel padrão, (65 m², dois quartos e vaga na garagem) é R$ 1.510. Esse preço é 0,4% maior que o registrado em abril e acumula um crescimento de 4% em 2021 e de 13,9% nos últimos 12 meses. No bairro Belvedere (R$ 2.921/mês), o aumento chegou a 20% entre maio de 2020 e o mesmo mês de 2021.
Outros bairros também tiveram crescimento significativo: Cruzeiro (R$ 1.630/mês) registrou alta de 19,9% e São Pedro (R$ 1.931/ mês), +19,5%. Por outro lado, Barro Preto (R$ 1.625/mês), Boa Viagem (R$ 1.607/mês) e Liberdade (R$ 1.560/mês) apresentaram queda de 15,9%, 14,8% e 12,3%, respectivamente.
O preço médio do metro quadrado em BH, em maio, foi de R$ 5.292, 0,3% maior que o registrado em abril. Este ano, os imóveis acumulam um acréscimo de 1,8%no preço de venda. Já nos últimos 12 meses, o crescimento foi de 4,1%. Com esse valor, um imóvel padrão na capital mineira custa, em média, R$ 344 mil.
Em 12 meses, os bairros que mais tiveram queda nos preços foram Flávio Marques Lisboa (R$ 3.973/m², -18,3%), Conjunto Celso Machado (R$ 3.603/m², -12,2%) e Alto dos Pinheiros (R$ 3.680/m², -11,9%). Já as maiores altas ocorreram em Santa Efigênia (R$ 7.268/m², +18,2%), Parque São José (R$ 4.262/m², +20,7%) e Novo Glória (R$ 4.249/m², +21,1%).
A análise mostra ainda o índice de rentabilidade imobiliária, que relaciona o preço de venda e valor de locação, a fim de verificar o tempo necessário para recuperar o dinheiro utilizado na compra. Em maio, esse indicador foi de 3,41% bruto anual. Dessa forma, são necessários 29,3 anos de aluguel para obter a quantia investida no imóvel, 8% a menos que há um ano.
O CFO (diretor financeiro) Tiago Galdino atribui o avanço no preço do aluguel a alta na inflação, que fechou 2020 em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%), segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É a lei da demanda e oferta. Embora o setor tenha paralisado em março do ano passado devido à pandemia, o mercado começou a mostrar recuperação já em maio. Desde então, assumiu um viés de crescimento que segue até o momento e com perspectivas de continuidade até 2022”.
Ele ainda afirma que, mesmo com a COVID-19, as buscas por aluguel se mantiveram. “Quem teve redução de renda optou por mudar para um imóvel menor. Para aqueles que a renda se manteve ou cresceu, a tendência foi buscar uma propriedade melhor. A pandemia elevou o desejo de mudar para 77% dos brasileiros entrevistados”.
Galdino diz que o mercado tem buscado alternativas para se adaptar à necessidade dos consumidores. “Muitas pessoas ficaram receosas em adquirir um imóvel durante a pandemia e, nesses casos, a preferência foi manter o modelo de locação, seja no local em que estavam ou em outro que atendia a demanda. Com isso, é importante que as empresas do setor busquem manter opções disponíveis para os diferentes perfis de clientes”.
Mesmo com todas essas alternativas, a balconista Miriam Silva precisou voltar para a casa da mãe, já que o aluguel aumentou consideravelmente. “Fiquei com medo de não conseguir arcar com as despesas e de perder meu emprego, pois o movimento despencou na lanchonete em que trabalho. Eu, meu marido e filho estamos passando uma temporada com a minha mãe para evitar o endividamento”.
Ela conta que fez isso para priorizar outras despesas. “O plano de saúde do meu filho, por exemplo, é algo que não abro mão, principalmente na pandemia. Além disso, meu marido e eu juntamos dinheiro para abrir nossa própria lanchonete e não queremos parar esse sonho. Minha mãe foi muito compreensiva e nos recebeu de braços abertos, mas será algo temporário”.
A economista Gabriele Couto explica que o preço dos aluguéis é reajustado de acordo com o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). Mas que, com o cenário adverso causado pela crise sanitária, o valor dos contratos disparou. “Para driblar o avanço, a melhor dica é tentar negociar junto ao locatário, afinal, essa saída pode ser benéfica para ambos”.
Ela acrescenta que, segundo pesquisas, o aluguel corresponde a 30% da receita de famílias que recebem até três salários mínimos. “Nesse sentido, o acréscimo tende a arrochar ainda mais a capacidade de cumprimento de obrigações, aumentando as chances de inadimplência”.
Segundo ela, a saída é o planejamento financeiro. “É importante definir quais gastos podem ser cortados, os que são prioridades e ir adequando o orçamento. Com organização é possível traçar as medidas mais assertivas para ajustar as contas. A pessoa pode, por exemplo, evitar dívidas com assinaturas de plataformas de streaming, alimentação fora de casa, além de tentar diminuir o valor mensal da água e luz”.
Por fim, caso já haja inadimplência, é preciso esquematizar um plano para quitação dos débitos. “Buscar renegociar direto com o credor é interessante, uma vez que as taxas e prazos serão mais condizentes com a situação financeira atual. A negociação deve levar em conta a capacidade de pagamento de quem está devendo para evitar a possibilidade de quebra de acordo, que pode culminar em uma dívida ainda maior”, finaliza Gabriele.