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Brasil pode se tornar o maior exportador de grãos

Atualmente, o Brasil é o segundo maior exportador de grãos do mundo – 122 milhões de toneladas -, ficando atrás apenas dos Estados Unidos -138 milhões -. Mas, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), essa realidade pode mudar em breve. Estima-se que, em 5 anos, o país seja o que mais exporte grãos no planeta com produção superior a 500 milhões. De 2011 a 2020, essa atividade cresceu 5,33% ao ano, enquanto que no mundo o avanço foi de 2,03%.

Segundo a Embrapa, o Brasil é responsável por produzir uma quantidade de alimentos que atende a 800 milhões de pessoas no mundo. Em apenas 10 anos, a participação brasileira no mercado mundial foi de US$ 20,6 bilhões para US$ 100 bilhões. Os principais destaques são a carne, soja, milho, algodão e produtos florestais.

O pesquisador da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa, Elísio Contini, explica que o país tem um volume produtivo que atende tanto o mercado brasileiro, quanto o estrangeiro. “O crescimento no Brasil, em anos recentes, deve-se basicamente às exportações. De 2000 a 2020, da produção de soja em grãos, 52% foi para exportações, ou seja, 792 milhões de toneladas em 21 anos. Do total de milho, 24% foi para exportar: 314 milhões. Do café em grão, no mesmo período, 22% foi para o exterior, representando 12,9 milhões”.

Ele acrescenta que a demanda por alimentos está relacionada ao crescimento da população e da renda. “Nos últimos anos, esses dois quesitos tiveram um avanço baixo no Brasil. Assim, a dinâmica da produção tem sido para as exportações. O Sul da Ásia, particularmente a China, é o maior demandante por grãos e, por enquanto, isso deve se manter”.

O pesquisador afirma que os dados mostram que, nos últimos 21 anos, os Estados Unidos foram os maiores exportadores de grãos com 21,5%, seguido pelo Brasil (14,9%). “Contudo, no ano passado, superamos levemente os EUA que ficou com 21,5%, contra 22,2% do nosso país. A área norte-americana para grãos está consolidada, enquanto o Brasil pode crescer muito, principalmente em pastagens degradadas. Com os preços do mercado internacional aquecidos, o Brasil vai aumentando sua participação com safras recordes. O momento é bom para o país e seus produtores”

Contini acrescenta que, no início da pandemia, havia preocupações quanto ao potencial impacto sobre a produção de grãos e comércio internacional. “O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) agiu rápido, criando protocolos e atuando junto a órgãos de saúde para que a produção continuasse num ritmo regular. Afinal, se trata de atividades essenciais e de abastecimento de alimentos”.

Impacto ambiental

Com o crescimento, surge também uma preocupação: qual será o efeito causado. Contudo, Contini esclarece que as tecnologias auxiliam tanto no aumento da produção, quanto na redução do impacto ambiental. “Algumas são o plantio direto, fixação biológica de nitrogênio em importantes culturas como a soja e o milho e, mais recentemente, a integração lavoura x pecuária x florestas”.

Ele diz ainda que o MAPA, em colaboração com a Embrapa, tem pensado sobre o tema. “Por isso foi lançado o Programa de Bioinsumos, que procura substituir insumos químicos por fontes biológicas, mas orientadas para o meio ambiente. Estamos avançando para produzir mais e com sustentabilidade”.