O fim das coligações partidárias, que começa a valer pela primeira vez nas eleições de deputados e senadores em 2022, está deixando muitos dos atuais parlamentares apreensivos em relação ao futuro. Agora, os detentores de mandatos estão se segurando como podem para não perderem eleitores. Um dos meios encontrados e utilizados por eles tem sido a verba milionária proveniente das emendas parlamentares, cujos valores são extraídos do orçamento da União e repassados em forma de obras e atendimentos aos municípios, fazendo a festa dos políticos junto aos prefeitos e lideranças municipais.
Se for mantido o regime atual, proibindo atuação conjunta das siglas, a aludida popularidade de muitos políticos mineiros será colocada à prova. Até porque, muitos foram eleitos à sobra do discurso de renovação do então candidato à presidência Jair Bolsonaro. É o caso do ex-ministro do Turismo, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, com seus mais de 260 mil votos no último pleito. Ainda filiado ao PSL, a possibilidade é de uma redução de 50% dos sufrágios conquistados na eleição de 2018.
Aquela explosão de notoriedade do passado não teria possibilidade de acontecer em consequência desse cenário desenhado a partir dos ditames da nova legislação eleitoral vigente. Durante todo o período do PDSB no governo de Minas, um dos campeões de votos foi o tucano Rodrigo de Castro. Ele foi um dos beneficiados pela antiga lei, mas agora o seu castelo deverá ser reduzido a uma quantidade mínima de apoio, apenas o suficiente para se manter na ativa. Aliás, entre os tucanos, a bola da vez é o ex-governador Aécio Neves, candidato à reeleição para a Câmara Federal. Ele, discretamente, tem começado a circular por diferentes localidades do estado, inclusive no Norte de Minas. De lá, um aliado confessa: “tudo que tem de obra importante na região aconteceu quando ele comandava, especialmente na construção e asfaltamento de estradas, saneamento básico, telefonia celular e eletrificação rural”.
Na eleição passada, o delegado federal licenciado Marcelo de Freitas foi escolhido também à sombra do candidato à presidência, inclusive era e continua filiado ao PSL, partido do qual Bolsonaro fazia parte na época. Entretanto, ao que tudo indica, a reeleição do político não está nada fácil. Ainda no Norte de Minas, o deputado federal Paulo Guedes (PT) anunciou que não pretende mais continuar na Câmara Federal e seu projeto caminha na direção de buscar o retorno à vaga de deputado estadual, a partir de entendimento dentro da sigla, prevendo que o atual deputado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Virgílio Guimarães (PT), deseja se afastar da política em definitivo.
Nesse novo panorama, alguns nomes terão dificuldade de continuar em seus cargos, entre eles está o empresário Igor Timo (Podemos). Ele se inseriu na política na eleição passada e, talvez, sua falta de experiência pese na hora de buscar a adesão dos eleitores como já se comenta, especialmente, entre as lideranças do Vale do Jequitinhonha, região na qual ele conquistou a preferência da população.