A comunicação adotada pelo governo de Minas, que deveria ter o objetivo de manter a população bem informada, tem acarretado em controvérsias. A raiz de tudo pode estar nas improvisações durante as poucas entrevistas concedidas pelo governador Romeu Zema (Novo), cuja envergadura exposta apresenta pouca sintonia com as ações oficiais e os pensamentos, por vezes, individuais do agente público.
Como se fosse cativo de suas próprias falas, Zema tem atiçado oposição aos seus próprios atos. O episódio mais recente foi a aprovação por parte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) de um requerimento votado por 26 parlamentares, solicitando informações ao novo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, em relação a uma entrevista do governador à jornalista Leda Nagle, na qual ele defendeu o uso de medicamentos não comprovados cientificamente para minimizar os problemas da COVID-19.
Para os deputados, Zema, neste caso, teria agido contrariamente ao que a própria ciência preconiza. Até porque se houvesse experiência política no que diz respeito a esse cenário, a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar irregularidades na lista de grupos prioritários da vacinação, não teria sido cunhada recentemente pelo parlamento estadual. Contudo, o distanciamento do governo seja por inaptidão ou falta de difusão conexa cresce dia a dia no âmbito da ALMG, cujo plenário é, majoritariamente, de oposição e/ou de independência ao Executivo estadual.
É importante salientar que, ao longo de mais de 2 anos da era Zema no estado, os costumes e tradições da simbologia do que representa o poder em Minas mudou sobremaneira. Nem sempre para melhor, diga-se de passagem. Uma vez empossado governador, ele estabeleceu novos preceitos para comandar a máquina estatal, começando pela escolha de muitos auxiliares desconhecidos do meandro público, muitos recrutados de fora como também aconteceu com a Companhia Energética de Minas Gerais S.A. (Cemig) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Nem por isso, o ambiente hermético deixou de aflorar os problemas relacionados à Copasa. Semana passada, consumidores reclamaram da assistência da empresa do governo do Estado diante da falta d’água em diversos bairros das cidades da região metropolitana da capital. Segundo dados divulgados pela imprensa, não há uma satisfação plena dos contribuintes para com a companhia, hoje presente em 591 dos 853 municípios. Ainda conforme os jornais de Belo Horizonte, no ano passado foram 2.031 paralisações de fornecimento, com impacto direto em 3.448 residências, aliás, com interrupções de até 13 horas. Pelo visto, a empresa não está se comunicando de maneira eficiente com a população para evitar que suas falhas sejam elucidadas, enquanto que nos bastidores do Palácio Tiradentes permanece a defasada tese indicando o interesse na privatização dela e da própria Cemig. Esse é um tema que, indubitavelmente, deve aumentar a quantidade de lenha nessa fogueira e, assim, diminuir o pequeno espaço de sustentação política que ainda dispõe o governador mineiro no âmbito do Poder Legislativo, de acordo com o que dizem vários deputados ouvidos por nossa reportagem.
A atual administração, de certa forma, desdenha da comunicação tradicional e também dos políticos, no entanto, esse panorama deve sofrer transformações. Zema precisa fazer com que seus 4 anos à frente de Minas não passem despercebidos, principalmente em ano eleitoral, do contrário, ele pode ter que enfrentar muita contenda.