O ano inicia com o “Janeiro Branco”, campanha voltada a conscientização sobre a importância da saúde mental. Assunto que se mostra ainda mais relevante para o nosso país, que possui a maior taxa de pessoas com ansiedade do mundo e é o quinto em casos de depressão. Cerca de 9,3% dos brasileiros possuem algum tipo de transtorno de ansiedade e 5,8% convive com a depressão. Os fatores que impulsionam o desenvolvimento destes distúrbios em nossa população são vários, indo da preocupação com a pandemia de COVID-19 até a apreensão gerada pelas turbulências econômicas e políticas. Até mesmo a virada de ano acaba estimulando o surgimento das sensações de inquietude e agonia, que geralmente estão relacionadas às frustrações do ano anterior e as expectativas e incertezas quanto ao ano que se iniciará.
Alguns dos sintomas causados pela ansiedade como, por exemplo, o estresse, insônia, fadiga e irritação podem levar as pessoas a comerem de forma desregrada e exagerada, o que na maioria das vezes, resulta no aparecimento de outros problemas de saúde. O consumo de açúcar e gordura estimula a liberação dos hormônios da endorfina e serotonina nas correntes sanguíneas, proporcionando bem-estar e relaxamento quase que imediato a nossos organismos. Com o passar dos anos, esse tipo de alimentação pode influenciar no aumento de peso e na construção de quadros de hipertensão, diabetes, gastrite, obesidade, refluxo, entre outros. Por estes motivos é essencial que os pacientes entendam a relação entre alimentação e ansiedade e assim adotem novos hábitos, introduzindo em suas dietas pratos saudáveis e nutritivos, que tragam boas sensações e ajudem a minimizar os sinais do distúrbio.
Uma alternativa para os fãs de doces é fazer a substituição por alfarroba, um fruto do qual é possível fazer barrinhas ou creme com aroma e sabor semelhantes aos do chocolate. É uma opção pouco calórica e rica em magnésio, polifenóis e antioxidantes que auxiliam na prevenção ao envelhecimento precoce. Outros alimentos que possuem magnésio e cálcio e ajudam a acalmar o nosso organismo, assim como a alfarroba, são a soja, nozes, iogurte desnatado, sardinha, salmão, brócolis e couve.
Outro nutriente que colabora no controle da ansiedade é a vitamina C, presente em frutas cítricas, como a laranja, tangerina e limão. Elas contribuem para a diminuição da produção do hormônio cortisol, que é liberado em situações de estresse, promovem o funcionamento eficiente do sistema nervoso e elevam a sensação de bem-estar.
De um modo geral, os alimentos ricos em ômega 3, fibras, vitamina D, probióticos e triptofano – aminoácido encontrado em carnes, frango, peixes, ovos e também no chocolate – são essenciais para aperfeiçoar a função cerebral, aumentar a produção de serotonina, melhorar o humor, regular a flora intestinal e os níveis de açúcar no sangue, dar energia e disposição, majorar a sensação de saciedade e controlar os níveis de ansiedade. Também recomendo o consumo dos chás verde, camomila, erva-doce, cidreira e hortelã, que cooperam no processo de digestão e são calmantes naturais. Eles devem ser consumidos sem a adição de açúcar.
A alimentação saudável pode ser definida com a ajuda de um bom nutricionista ou nutrólogo. Ela também deve ser combinada a prática de atividades físicas e ao acompanhamento psicológico e psiquiátrico. A ansiedade em excesso demanda o auxílio de profissionais capacitados, pois somente eles poderão fazer o diagnóstico e recomendar o tratamento adequado para cada paciente, podendo abarcar o uso de medicamentos específicos e terapias distintas.
*Lucas Penchel
Clínico geral e CEO da Clínica Penchel
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