O bom velhinho terá menos trabalho a fazer, segundo um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Isso porque a quantidade de pessoas que devem presentear alguém neste Natal teve uma queda de 22 pontos percentuais em relação a 2019, passando de 77% para 54%. Consequentemente, os valores movimentados no setor de comércio e serviços também vão sofrer redução significativa. Em 2020, a previsão é que as cifras cheguem a R$ 38,8 bilhões, sendo 35% menor que a estimativa do último ano (R$ 60 bilhões). O valor médio a ser investido pelo consumidor em cada lembrança será de R$ 108,78.
Apesar de os números terem encolhido, ainda sim são bastante expressivos, sobretudo em um ano repleto de adversidades nos mais diversos segmentos da economia. Cerca de 86 milhões de pessoas devem ir às compras. A principal justificativa para aqueles que não pretendem presentear este ano é o fato de estarem desempregados (24%) ou não terem dinheiro (22%).
A pandemia de COVID-19 e seus efeitos, assim como o desemprego e a insegurança econômica, impactaram as compras de Natal deste ano. “No entanto, mesmo com a redução haverá um movimento grande na data, considerada a principal época para o comércio. Muitos lojistas que passaram meses com as portas fechadas vão conseguir diminuir seus prejuízos com as vendas de final de ano”, explica Daniel Sakamoto, gerente Executivo da CNDL.
Ainda de acordo com a pesquisa, os mais citados na hora de presentear serão os filhos (as) (59%), o cônjuge (45%) e as mães (45%), sendo que o presente mais caro será destinado aos filhos (as) (27%). Entre os entrevistados, 25% pretendem comprar até dois presentes, enquanto que 33% entre três e quatro mimos.
No quesito forma de pagamento, oito em cada dez consumidores que dizem que farão compras neste Natal pretendem pagar à vista (85%), sobretudo em dinheiro (57%) e no cartão de débito (36%). Por outro lado, 44% querem usar o crédito. “Isso demonstra uma cautela das pessoas em não fazer dívidas e começar o próximo ano sem novas contas. Elas vão adquirir somente o necessário e o que podem bancar. É preciso responsabilidade financeira, afinal, a expectativa para 2021 não é positiva. Tememos inflação e o cenário de desemprego não deve oscilar muito”, salienta.
Compras on-line
A comodidade e a facilidade em adquirir produtos pela web já era uma opção aos consumidores. Agora, com a necessidade de distanciamento social, o e-commerce ganhou ainda mais espaço. Segundo o levantamento, o local preferido para realizar as compras de Natal será justamente a internet/lojas on-line (47%). Em seguida aparecem as lojas de departamento (40%), os shopping centers (34%) e as lojas de rua (26%).
O comércio eletrônico é uma tendência que já vinha crescendo no Brasil nos últimos anos e se intensificou durante a pandemia. “Os usuários estão ganhando mais confiança nesse tipo de compra. Mas os estabelecimentos físicos continuam com a sua importância. Os lojistas devem estar preparados para um bom atendimento. A recomendação é que façam promoções, ofereçam descontos, mantenham as vitrines decoradas e chamativas para atrair os consumidores”, afirma.
Ele reforça que nas compras on-line o cliente precisa ter o cuidado e pesquisar bastante sobre a loja antes de concluir a operação. “Verificar se não há reclamações sobre o local, se a reputação está boa, consultar sites de avaliação. Além disso, não deixar para fazer a aquisição de presentes pela internet de última hora, visto que a modalidade tem um prazo de entrega”.
Tradição natalina
Uma tradição nesta época de Natal é o amigo oculto. A maioria das pessoas prefere participar da brincadeira, pois assim, conseguem economizar nos presentes. Esse é o caso da família da professora Virgínia Soares. “Todo ano nós fazemos como forma de gastar menos nos mimos. Assim, cada um compra apenas uma lembrança e entrega para a pessoa que tirou. A gente estipula um valor mínimo generoso e montamos uma lista com pelo menos três ideias do querem ganhar. Até mesmo as crianças também participam. A quantia foi de R$ 100 em 2019”.
A professora explica que a comemoração será diferente este ano. “Sempre nos reunimos para a ceia e trocar os presentes. Mas, por conta da pandemia, vamos evitar fazer aglomeração. Tiramos o amigo oculto pela internet e a revelação será de forma virtual também. Pretendemos fazer a entrega de carro. Cada um passará a noite de Natal em suas casas. Tivemos que nos adaptar à realidade para não deixar a data passar em branco”, finaliza.