Ao ingressar na faculdade, muitos jovens iniciam a busca por um estágio. A atividade, além de auxiliar a colocar em prática tudo o que se aprende em sala de aula, contribui para a tão sonhada independência financeira. Uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostrou que 42,36% dos jovens procuram ajudar na renda de casa quando iniciam a atividade remunerada. Para 34,9%, o valor é usado para pagar a mensalidade escolar, enquanto 12,76% dedicam o dinheiro para cursos extracurriculares e 3,88% para adquirir de material acadêmico. Diversão e comprar roupas ou sapatos é o destino do salário de 3,2% dos jovens. Por fim, 2,91% paga plano de saúde ou consultas.
A gerente de treinamento do Nube, Yolanda Brandão, conta que a média de uma bolsa-auxílio é de pouco mais de mil reais. “Esse valor é baixo, mas ajuda bastante. Dependendo do curso, o jovem precisará de experiência e, hoje, muitas faculdades já permitem que ele exerça o estágio logo no início. E com o alto índice de desemprego, esse estudante acaba compondo a renda familiar”.
Yolanda acrescenta que alguns jovens já trabalhavam antes de entrar na universidade. “Trocar o emprego por um estágio é uma boa alternativa, porque se ele quer começar um estágio, tem que saber que, na maioria das vezes, vai ganhar menos. Por isso, pode começar a se organizar no primeiro ano de curso para no segundo ou terceiro iniciar a atividade”.
Ela elucida que é de suma importância que o jovem converse com a família antes. “Se ele vai procurar um emprego ou um estágio, depois de entrar para a universidade, essa deve ser uma decisão tomada por todos da casa. Se os responsáveis poderão ajudá-lo financeiramente, se terá que pagar tudo sozinho, se conseguirá bolsa ou algum financiamento para ajudar a quitar os valores do curso etc”.
Foi o que aconteceu com a estudante de pedagogia Samara Rodrigues. Ela conta que alguns familiares a auxiliam a pagar o curso. “Meus avós e um tio me dão um valor mensal. Entretanto, o restante do meu salário é destinado a pagar as despesas de casa (água, luz, telefone e internet). Como moramos eu e minha mãe, dividimos tudo. Raramente compro coisas pra mim, mas não ligo, já me formo e tudo vai melhorar”, acredita.
Já a estudante de jornalismo Camilla Gonçalves, optou por financiar uma parte da mensalidade através do programa Fies. Mas mesmo assim, ela tem dificuldades em pagar o valor. “Eu achei que financiando apenas metade do curso, minha dívida seria menor. Estou no 7° período e a partir do 5° a mensalidade subiu muito. Hoje recebo R$500 e a mensalidade já chegou a R$1.312, ficando R$656 por fora do Fies para eu quitar. Meus pais me ajudam a cobrir o valor, mas me arrependo de ter optado por financiar só metade”.
Para o professor de contabilidade do Centro Universitário Estácio de Belo Horizonte, Miguel Arcanjo, programas de financiamento como Fies e Pravaler, são válidos para auxiliar o estudante no ingresso do curso. Porém, as taxas de juros deveriam ser menores. “O melhor legado na vida de uma pessoa é a educação, então as taxas deveriam ser zero. São alternativas que permitem que o estudante tenha o subsídio durante a trajetória e, após a formatura, passe a cumprir com a obrigação financeira”.
Ele acrescenta que o ideal é que a família pense em guardar dinheiro. “Historicamente nós não fomos incentivados a cultura da poupança. As famílias sofrem com isso porque na hora de investir na educação, que não é barata, quase sempre os recursos próprios não são suficientes. Contudo, a pessoa fica refém do financiamento. E acaba tendo que entrar na dura rotina de estudar e trabalhar ao mesmo tempo para conseguir quitar tudo”.
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