A estrela de alguns políticos majoritários não brilhou tanto neste pleito de 2020, especialmente nas grandes cidades mineiras. O exemplo mais clássico é Belo Horizonte, onde a liderança do prefeito Alexandre Kalil (PSD) foi alavancada tendo por base o seu projeto individual em cima de uma própria popularidade, sem a presença de personalidades influentes do seu partido, como era esperado no início deste ano. Um amigo do chefe do Executivo chegou a antecipar. “Caso fosse necessário, se utilizaria de declaração de nomes de prestígio nacional, mas não precisou disto não”, disse.
Certamente, por não ter havido a realização dos comícios nas formas tradicionais devido à pandemia, nomes como o dos senadores Rodrigo Pacheco (Democratas), Antonio Anastasia e Carlos Viana, ambos do PSD, mesma sigla do prefeito Kalil, sequer foram vistos nos espaços públicos da capital mineira à procura de votos.
Governador Zema e a política
Embora bem avaliado, o governador Romeu Zema (Novo) não obteve a resposta positiva ao se envolver politicamente neste pleito. Na capital mineira, ele fez campanha aberta para o seu amigo e candidato a prefeito Rodrigo Paiva (Novo), mas sua incursão política não empolgou o eleitorado, certamente ofuscado diante da quantidade de concorrentes à Prefeitura de Belo Horizonte. As gravações do chefe do Executivo mineiro pedindo votos para atuais e antigos companheiros que disputaram esta eleição, também não conquistaram o êxito esperado. “Mas isso provou o que? Prova que mesmo sabendo de possíveis resultados não favoráveis, o governador demonstra ser fiel a companheiros de primeira hora”, vaticina o deputado estadual Arlen Santiago (PTB).
Deixando o tema eleitoral de lado, o parlamentar acrescenta que Zema está implementando uma boa gestão no estado. “Por exemplo, vem regularmente transferindo os recursos devidos pelo recolhimento do ICMS e IPVA aos municípios. Para além desta realidade, ele realiza obras em diversas regiões, inclusive a conclusão do Anel Sul de Montes Claros, no Norte de Minas. E o mais importante, não existe qualquer arranhão na imagem do governador. Ou seja, sua administração é avaliada como de corrupção zero”.
Na sequência, Arlen afirma que o relacionamento do titular do Palácio da Liberdade com a Assembleia tem melhorado muito. “Especialmente depois da designação do secretário de Governo, Igor Eto, para fazer a interlocução com os deputados estaduais, pois ele conversa com os nossos colegas e atende as suas reivindicações na maioria das vezes, estabelecendo um importante canal de comunicação entre a Casa Legislativa e a Cidade Administrativa”. Concluindo seu raciocínio, o deputado comenta que “esta sua condição de homem público probo está refletindo, pois Zema tem uma popularidade positiva em todas as pesquisas feitas até agora”.
O jornalista Eduardo Ávila acrescenta que não poderia haver uma administração tão transparente no qual a palavra corrupção não existe. “Isso tem feito de Zema um homem público com êxito. Só acho que ele deveria deixar o Partido Novo. Essa turma que comanda a sigla é muito complicada”, recomendou.
“O governador tem estrela. Ele é um homem muito simples e está realizando uma administração longe dos holofotes. Faz o dever de casa com mestria, evitando que a sua administração seja manchada com qualquer tipo de atos comprometedores. Mas acho que, politicamente, ele deveria se aproximar mais das bancadas federais e estaduais, conversar com os prefeitos e nutrir um relacionamento melhor com a imprensa, afinal, essa questão das redes sociais podem não lhe oferecer a resposta política de que irá precisar lá na frente. Esse modelo de comunicação não funcionou neste pleito municipal, quando ele apoia alguns nomes sem muito sucesso”. Foi o que disse o empresário Roberto Gontijo, amigo pessoal do atual governador.