A modernidade é um caminho sem volta no processo de evolução da humanidade. Neste estágio da vida, acrescenta-se o constante avanço tecnológico, que ao lado da ciência, estão permitindo aos brasileiros viverem mais, atingindo a faixa etária dos 75 anos e com boa dose de vitalidade. Mas nem sempre foi assim e a realidade nas décadas de 1940 e 1950 era bem equidistante, visto que naqueles idos, os homens e mulheres de 60 anos eram avaliados como “velhinhos”.
Para além desta constatação, existe um fato concreto, qual seja a ciência não dilatou o seu raio de ação a ponto de permitir os idosos terem a mesma agilidade dos mais jovens. Estas restrições físicas e do intelecto os fazem refém de muitas cenas, inclusive, sobre a possibilidade de evitar que, muitas vezes, a tecnologia avançada se mostre em duas faces. Em princípio, positivamente surge a facilidade de comunicação e conexão com parentes, negócios e com as coisas modernas do mundo atual. No lado oposto a essas benesses, ou seja, pelo lado negativo, registra-se concomitantemente muitas limitações para se permitir proativamente resoluções relativas ao processo de desenvolvimento da tecnologia. Eis aí uma realidade do século XXI.
Neste debate, que deveria ser do interesse de todos, pois o jovem de hoje certamente será o idoso de amanhã, há um tema intrigante. Nos referimos à concepção cada vez maior do sistema bancário brasileiro em incrementar o atendimento virtual, abandonando quase que tolamente o presencial. Não se iludam senhoras e senhores. Os banqueiros desde os primórdios da era civilizada da Roma Antiga sempre demonstraram volúpia por ganhar dinheiro. Em verdade, a cada instante surge sempre um novo produto, aplicativo ou alguma possibilidade para movimentar os valores sem a necessidade da presença física nas agências.
Na prática, os banqueiros almejam maior rentabilidade, sem se preocupar com os acontecimentos advindos a partir dessas oportunidades ocasionadas pelo denominado dinheiro de plástico, uso de internet, cartões, aplicativos e etc. Mas todos sabem que, paralelamente, esses aparelhos modernos fazem os golpes contra as pessoas usuárias do sistema crescerem. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anuncia que, neste período de crise sanitária, houve aumento de 60% na tentativa de espertalhões ludibriarem os idosos. Os próprios representantes da Febraban comentam que as quadrilhas estelionatárias se aproveitam da vulnerabilidade dos consumidores mais velhos, sobretudo, por conta do maior uso do meio digital para resolverem as suas demandas.
Neste sentido, os bancos não oferecem qualquer segurança. Quando muito, fazem alguma reposição, mesmo assim mediante ações judiciais e ou pressão dos Procons. Em geral, cada cliente que trate de arcar com seus prejuízos. E os velhos não são os únicos que possuem dificuldades para movimentar com serenidade as suas contas digitais. Também as camadas mais pobres da população encontram problemas para se introduzirem nesta modalidade de serviços, inclusive, pelo fato de ser notória a ausência de uma internet ou aparelhos de celular com capacidade para esse perfil de atendimento.
Roga-se para que o serviço bancário não seja totalmente para quem esteja conectado com o mundo digital. Aqueles que almejarem fazer o uso de forma presencial, que não seja negada a essas pessoas esta chance, afinal, todos têm o seu direito em uma democracia. Ademais, fica a indagação: essa digitalização exacerbada do sistema financeiro/bancário não aumentaria ainda mais a concentração de renda no Brasil?