A palavra assistencialismo, doutrina mágica que define algum tipo de auxílio para melhorar a vida de pessoas necessitadas ao redor do mundo, por aqui está sendo usada como moeda de troca. Funciona ao estilo: eu ofereço ajuda para você, mas espero um retorno seu e de seus familiares para votarem em mim em um futuro breve. Um verdadeiro absurdo de promiscuidade social, onde os cidadãos amontoados em seus guetos, às vezes passando necessidade, terminam por entender que estão recebendo um importante benefício por meio dessas ações. Porém, indiretamente estão comprando o seu voto sem uma moeda explícita. Até porque, como avaliam os sábios, políticas de ajuda deveriam ser uma decisão de estado e não um programa de governo, pois isso facilita o danoso clientelismo político/eleitoral.
No Brasil, apenas para rememorar, as verbas para alavancar os programas sociais tiverem início na primeira administração do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Após isso, veio o governo Lula, que tomou a decisão de promover uma junção de ajudas menores e disseminadas, criando na época o conhecido Bolsa Família. Ao longo de 15 anos, o programa contribuiu para o fortalecimento dos representantes do Partido dos Trabalhadores, segundo matemáticos da política nacional. Claro que esse exponencial crescimento petista não foi mera coincidência, mas sim uma ação planejada e de cunho eleitoreiro, como se verificou até recentemente.
Agora, sob o manto da crise sanitária, a jogatina politiqueira está se tornando oficial. O Bolsa Família acabou se transformando em programa emergencial, com valores mais elevados e diferenciados, visando garantir assistência aos menos favorecidos nesta época de economia dilacerada e altos níveis de desemprego em todos os estados brasileiros. Obviamente, essa decisão de ajudar a população é importante para evitar o aumento do grau de pobreza de nossa já sofrida gente. Mas os efeitos das ajudas sociais estão sendo apontadas em todas as grandes cidades como um caminho aberto para o aproveitamento por parte dos políticos. Por exemplo, está em curso, com autorização das leis federais, a distribuição de cestas básicas para milhões de brasileiros moradores das comunidades. E assim como acontece em todo o Brasil, isto também está ocorrendo aqui em Belo Horizonte. Fala- -se em carros e carretas, que semanalmente vão aos logradouros públicos despejar milhares de cestas básicas. E veja, pela premência da situação real, toda essa ação está sendo permitida neste período de campanhas políticas.
O espelho das cenas de Belo Horizonte reflete a realidade nacional. Por aqui, se fala numa população inteiramente assistida com o provimento de mantimentos. E, como se trata de um ano eleitoral, o ato sugere que o atual prefeito, Alexandre Kalil (PSD), seja o favorecido por conta do rescaldo a ser extraído dessas incursões e ajudas perante as comunidades. Contudo, amparado pela legislação para desespero de seus respectivos adversários.
Outrossim, em Brasília, o Palácio do Planalto faz um trabalho no sentido de buscar recursos para ampliar o número de beneficiados do atual programa Bolsa Família, no qual deverá mudar de nome posteriormente. Tudo isso pelo motivo de continuar turbinando a popularidade do presidente Jair Bolsonaro por meio de generosas dádivas sociais. A COVID-19 está dizimando muitas vidas, porém, concomitantemente pode beneficiar os políticos que, porventura, estão no poder