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Setor de construção civil registra melhor resultado em 8 anos

Enquanto inúmeros setores amargam com resultados negativos ou estacionados, a construção civil avança pelo estado. Levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG) aponta o crescimento do segmento, atingindo os melhores índices em 8 anos, assim como o incremento na quantidade de empregados.

De acordo com a pesquisa Sondagem da Indústria da Construção, o índice de atividade do ramo subiu 2,2 pontos percentuais (pp) frente a junho (48,8) e atingiu 51 pp em julho, o que representa crescimento pela primeira vez em 10 meses. O indicador avançou 4,3 pp na comparação com julho de 2019 (46,7) e foi o melhor para o mês desde 2012. O nível de atividade do setor foi quase o dobro do observado em abril, que alcançou 26 pp. A taxa que mede a evolução do número de empregados também avançou 4,7 pp, passando de 48,3, em junho, para 53 em julho. Essa é a primeira vez, desde setembro de 2019 (52,6), que o índice fica acima da fronteira dos 50 pp, apontando elevação do emprego. Ele cresceu 7,9 pp na comparação com julho de 2019, que era de 45,1 pp.

Na avaliação de Geraldo Linhares, presidente do Sinduscon-MG, uma soma de medidas e fatores explicam o bom desempenho. “A construção civil foi considerada essencial pelo governo estadual, as obras não pararam, continuaram num ritmo um pouco mais lento, mas assegurou muitos empregos. Os canteiros ativos do início da pandemia possibilitaram a manutenção do caixa das empresas que, depois do susto de março e abril, desenvolveram sistemas de comércio virtual. Estas novas ferramentas, junto com as flexibilidades da Caixa Econômica, a taxa Selic de 2% e a necessidade das pessoas terem casas mais adaptadas para home office e aulas virtuais ajudaram para o aquecimento das vendas crescentes, a partir de maio chegando ao ápice no mês de julho. Esses eventos contribuíram para o aumento da confiança do empresariado”, comenta.

Ainda de acordo com a pesquisa, os índices de expectativa demonstram que a percepção dos empresários com relação à evolução do nível de atividade, dos novos empreendimentos e serviços, da compra de insumos e matérias-primas e do emprego para os próximos 6 meses também estão otimistas. O indicador de expectativa ultrapassou a linha divisória dos 50 pp – depois de 4 meses abaixo desse patamar– e marcou 55,2 pp em agosto, sinalizando perspectiva de aumento da atividade nos próximos 6 meses. A taxa cresceu 5,3 pp frente a julho (49,9 pontos) e 1,1 ponto na comparação com agosto de 2019 (54,1 pontos). Também foi o maior desempenho para o mês registrado em 8 anos.

O Índice de Confiança do Empresário da Indústria da Construção de Minas Gerais (Iceicon-MG), que corresponde a ponderação das condições atuais e de expectativas, também subiu 6 pp, ante julho (45,6) e atingiu 51,6 pp em agosto, voltando a mostrar empresários confiantes. Essa foi a 4ª elevação seguida do indicador após o recuo histórico ocorrido em abril, quando marcou 34,1 pp. Ele também ultrapassou sua média histórica (50,2), em 1,4 pp. Na comparação com agosto de 2019 (55,7), o nível recuou 4,1 pp. O Iceicon nacional cresceu 7,7 pp entre julho (46,3) e agosto (54), mostrando que os construtores retomaram a confiança.

Segundo dados do Sinduscon-MG, existem hoje 225 canteiros de obras ativos na capital mineira que, juntos, representam R$ 3 bilhões em empreendimentos. Apesar de o setor estar otimista, Linhares teme que fatores econômicos encareçam os próximos projetos.“Temos uma expectativa de novos lançamentos no 4º trimestre, porém os valores destas unidades serão majorados devido ao abusivo aumento dos materiais, em especial cimento, aço, cabos elétricos e PVC. Independente desses acréscimos acreditamos na manutenção da performance dos 3 últimos meses. Importante que os juros continuem baixos e o governo consiga segurar a inflação”, explica.