Ainda não é possível definir uma data para a produção da vacina contra a COVID-19, contudo, dificilmente, teremos o produto este ano. O desenvolvimento demanda um longo período de estudos e testes. Vários laboratórios estão na fase 3, que precisa de um número grande de voluntários e de um tempo extenso de testagem.
A fase 3 é realizada por meio de ensaios clínicos randomizados quando você escolhe um número amplo de voluntários. Uma parte receberá a vacina e outra o placebo (tratamento inerte, usado como se fosse ativo, por exemplo, uma injeção de soro fisiológico). É um teste cego, ou seja, as pessoas não sabem se tomaram a vacina ou o placebo. A partir daí, elas precisam ter contato com a COVID-19.
O Brasil tem sido escolhido para a fase 3 porque o coronavírus está circulando em vários locais com um grande número de infectados, o que é fundamental para saber a eficácia da vacina. Nessa etapa, os laboratórios conseguem comparar resultados dos voluntários para verificar se a dose tomada é suficiente para a produção de anticorpos e controlar a infecção pelo vírus.
Durante todo o processo, os laboratórios analisam se o volume do produto ou qual o número de doses deve ser utilizado na vacina para que ela seja eficaz na produção de anticorpos pelo ser humano. É um processo que demanda tempo porque os voluntários precisam ter contato com o vírus e serem avaliados regularmente. Outro aspecto importante é se as pessoas terão efeitos colaterais e como eles podem afetar a saúde delas. São observações e testes demorados.
É necessário que os estudos gerem respostas precisas e que não prejudiquem a população para que a vacina seja realmente eficaz. Por esse motivo, apesar de estarmos na fase 3, provavelmente, os laboratórios só terão esses resultados no início do próximo ano, quando poderão iniciar a fabricação e distribuição das vacinas.
*Daniel Dias Ribeiro
Médico hematologista e patologista clínico
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