Abril chegou ao fim sem que o governador Romeu Zema (Novo) tenha anunciado o seu novo líder na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Só para rememorar, no início de março, o antigo ocupante desse posto, o deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB), deixou o cargo na mesma ocasião em que também pediu exoneração o secretário de Estado de Governo, o deputado federal Bilac Pinto. Ainda na mesma época, o vice-governador Paulo Brant, muito ligado ao grupo, deu uma guinada de 360 graus e pediu afastamento do partido Novo, o mesmo do chefe do Executivo mineiro.
Essa situação relacionada à falta de um líder do governo na Casa Legislativa tem incomodado os parlamentares. Recentemente, o primeiro-vice- -presidente da ALMG, o tucano Antonio Carlos Arantes, confessou aos colegas. “Na próxima reunião de líderes, vou cobrar uma posição para saber como se resolverá este tema, pois a situação não pode ficar indefinida. É ruim para todos, inclusive, para o governo”, teria afirmado o parlamentar do PSDB.
Assim que aconteceu o afastamento de Carneiro da liderança governamental, veio o episódio do coronavírus. A partir desta realidade, tudo ficou ao avesso do ponto de vista da frequência dos parlamentares na Assembleia. Devido às medidas de isolamento social, as votações passaram a ser remotas, uma novidade para todos eles, mas que já havia acontecido semanas antes no Congresso Nacional. Neste vácuo, diante da ausência de alguém devidamente credenciado para o exercício do cargo de liderança, quem está fazendo o meio de campo é o deputado Guilherme da Cunha, do mesmo partido de Zema.
O atual panorama é o seguinte: o deputado tem apenas três siglas na Casa. Ele também votou contra alguns projetos do próprio governo, deixando os seus colegas de diferentes partidos em verdadeira saia justa. Sendo assim, sua participação nesta fase, segundo se avalia nos bastidores, deve ser temporária, a não ser que o governo encontre dificuldades para indicar um nome de consenso. Neste caso, a atuação de Cunha deixaria de ser interina para se tornar perene.
Colégio de Líderes
Mas Zema, neste período em que Minas Gerais está sob situação de emergência por conta da pandemia da COVID-19, tem contado com o apoio quase integral dos deputados estaduais. Capitaneados pelo presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PV), todos os projetos, decretos e temas relacionados à questão da saúde no estado, são aprovados sem muitas firulas no âmbito Legislativo. Diante da ausência de um líder de governo, Patrus tem usado muito a força do Colégio de Líderes, composto por sete deputados, para levar a bom termo as votações. Com isso, o parlamento mineiro tem respaldo para as ações urgentes, visando estruturar as instituições e os municípios com o necessário para atender às demandas de pacientes infectados. Muitos deles agonizam em todas as regiões mineiras.
Outros projetos em pauta, como reformas da máquina pública estadual, entre tantos outros assuntos de diferentes segmentos da sociedade, muito provavelmente ficarão para o segundo semestre. “Se as votações na Assembleia já estavam complicadas por causa do pequeno apoio do governador, imagina agora com elas sendo eletrônicas e à distância. Tudo está muito mais complicado”, sentencia o deputado Sargento Rodrigues (PDT), um dos mais presentes neste período da COVID-19.
Individualmente, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com seus oito integrantes na Casa Legislativa, tem sido uma bancada fiel ao governo mineiro. Por isso, começa a ser ventilada a possibilidade de o deputado Sávio Souza Cruz ser o escolhido como líder. Atualmente, o parlamentar já comanda um grupo de colegas, além de seus próprios companheiros de sigla. Porém, este assunto referente à decisão do governador Zema para saber quem ocupará o posto, é tema proibido de se falar nos bastidores da Assembleia. “Está funcionando bem. Vamos aguardar os acontecimentos pós-tragédia na área da saúde”, diz um parlamentar próximo ao chefe do Executivo estadual.