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94,3% dos empresários da construção civil já sentem o impacto negativo da pandemia

Osetor da construção civil era considerado por especialistas, no final do ano passado, o melhor para investimentos. No entanto, com a inesperada crise da COVID-19, boa parte das empresas do segmento notam reflexos negativos devido ao isolamento social e a paralisação de diversas atividades.

Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) apontou que 94,3% dos empresários do ramo relataram dificuldades trazidas pelo novo coronavírus. Em seguida, vêm as empresas prestadoras de serviços (91,7%), principalmente as ligadas a alojamento, serviços de transporte rodoviário e obras de acabamento.

Os dados revelam ainda que 87,8% dos empresários do setor de vestuário também sentem os impactos negativos da crise, couros e calçados (81,8%) e veículos automotores (79,7%) estão logo atrás nesse ranking.

O economista Fábio Tadeu Araújo explica que a pandemia afetou o setor de construção civil de duas maneiras: primeiro de forma similar aos demais segmentos, uma vez que os plantões foram fechados e isso dificulta a venda, e segundo pela própria incerteza econômica, já que essa é a maior compra da vida de uma pessoa. “Nesse momento, no qual ninguém tem certeza se a vida voltará ao normal e se o Brasil será capaz de gerar emprego, salário e lucro há uma tendência de adiarmos gastos, principalmente os maiores. O mercado imobiliário não vai parar, mas diminuir, pois envolve o maior número de recursos”

Ele acrescenta que, quanto mais longo for o ciclo econômico de determinado produto, maior é a incerteza. “Na minha análise, o setor mais impactado é o ligado, em primeiro lugar, à produção de bens primários e o campo da construção pesada, que é quem constrói aeroportos, estradas, hidrelétricas e, naturalmente, está com mais dificuldade de saber o que vai acontecer. Depois vem o segmento de incorporação, que é essa parte da construção ligada à produção de prédios residenciais, casas e salas comerciais”.

O arquiteto e dono de uma empresa de arquitetura, Clovis Bohrer Filho, diz que o cenário pré-pandemia era positivo. “O setor havia retomado o crescimento, a partir do segundo semestre do ano passado, e as expectativas eram de avanço. Além disso, as reformas econômicas estavam em curso, taxas de juros baixas, redução dos estoques, aumento da demanda, crédito barato e disponível”

Na opinião do arquiteto, a crise assustou o empresariado da área. “Foi um choque logo de início, mas serviu para que as empresas tivessem consciência do tamanho das mudanças que aconteceriam. As corporações mais ágeis e estruturadas tomaram medidas imediatas para tentar mitigar o problema e administrar esta travessia. Afinal, este é um momento para reflexão dos atuais sistemas de trabalho de todas as companhias”, conclui.