A pandemia de coronavírus vem atingindo drasticamente o futebol brasileiro. As receitas dos principais clubes do país serão afetadas em aproximadamente 40%. Se a situação é ruim para os grandes clubes da Série A, ela tem sido dramaticamente pior para os considerados pequenos clubes brasileiros.
Estima-se que, no Brasil, há 646 clubes disputando competições, sendo 123 deles com calendário anual (Campeonato Brasileiro A/B/C/D), e outros 523 disputando apenas competições estaduais por 3 ou 4 meses por ano, dando ocupação e trabalho para cerca de 25 mil profissionais.
Boa parte deles estaria jogando justamente agora, o que faz do cancelamento dos estaduais uma condição de risco de continuidade para todos. A conclusão é muito preocupante: o vírus pode “adoecer” um clube grande, mas para os menores ele pode ser mortal.
Aqui, no estado, por exemplo, a maioria dos clubes do interior têm o Campeonato Mineiro como grande torneio da temporada. São equipes em pleno funcionamento apenas para o início do ano. O cenário para estes clubes é de total preocupação.
Muitos desses times do interior de Minas já passam por sérios problemas financeiros. Contratos com patrocinadores sendo rescindidos, ausência da receita oriunda das bilheterias dos jogos entre outros entraves. Em verdade, o cenário é extremamente delicado e sem perspectiva de solução ao menos por enquanto.
O salário dos atletas também é uma preocupação para os dirigentes. Os contratos estão próximos do vencimento e precisam ser honrados. A situação daqui pra frente é incerta, até porque, havendo o retorno do Campeonato Mineiro, muitos desses jogadores já estarão sem contrato. Não havendo elenco, torna-se inviável a continuidade dos clubes do interior em nossa competição estadual. Inclusive, algumas dessas equipes já anunciaram a dispensa de jogadores e suas comissões técnicas.
O futebol mineiro está inerte e apreensivo. O Estadual foi suspenso até segunda ordem pela Federação Mineira de Futebol, que não cogita o retorno das competições antes do dia 30 de abril. Diante disso, repito, a receita e a rotina dos times foram afetadas diretamente, prejudicando o andamento de contratos de patrocínio, negociações de atletas e pagamento de despesas.
Por enquanto, o futuro é nebuloso. Mas vamos torcer para que essa delicada e triste situação se resolva. Afinal, já estamos com saudades da bola rolando e do grito de gol. Enquanto isso, sejamos mais solidários uns com os outros. Uma ótima oportunidade para exercitarmos um sentimento que anda meio esquecido: o amor ao próximo. Resiliência e união neste momento são palavras de ordem.
*Desembargador do TJMG e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo