O expressivo número de 75 votos relacionados às medidas de emergências que foram aprovadas no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG), semana passada, não reflete o apoio dos parlamentares ao governo mineiro, mas sim a situação crítica que vivemos atualmente.
Quando esse período de turbulência passar, os assessores de Romeu Zema (Novo) terão de trabalhar para melhorar o relacionamento dele com os deputados. Isso deve ser feito até mesmo para facilitar a tramitação de outros temas em plenário, inclusive, os vetos referentes ao projeto de aumento dos servidores que, atualmente, segue sem solução.
Depois da saída do deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB) da base governista, a situação de Zema ficou ainda mais travada, mas tudo pode ser amenizado com o fato do PSDB não querer fazer oposição a seu governo. O primeiro vice-presidente, Antonio Carlos Arantes, por exemplo, disse que vai continuar apoiando, acrescenta que o diálogo entre o Legislativo e o Executivo precisa ser melhorado a fim de evitar ruídos.
O deputado Bosco, do Avante, tem experiência de 4 mandatos como vereador em Araxá, terra de Zema. Ele se diz satisfeito em estar ao lado do projeto do chefe do Executivo e espera que, a partir de agora, tenha mais condições de ver suas demandas atendidas para poder beneficiar os moradores e as lideranças do interior. “É um prazer defender a bandeira do meu conterrâneo”, declara.
Para Arlen Santiago (PTB), o momento é turbulento. Ele espera que, quando a incerteza nacional passar, as coisas melhorem na ALMG e voltem a seu curso normal. O parlamentar faz questão de demonstrar independência em suas votações, mas, por outro lado, rememora seu bom relacionamento direto com Zema e alguns de seus auxiliares, incluindo, naturalmente, determinados secretários de Estado.
Oposição vai em frente
Embora não seja uma oposição ideológica, o deputado Sargento Rodrigues (PTB) não possui sintonia com o atual governo. Pelo contrário, para defender os interesses de seus aliados, especialmente os representantes das Forças de Segurança, o parlamentar joga pesado e, em determinados momentos, usa de expressões fortes para ironizar a gestão de Zema. O parlamentar faz, inclusive, ameaças nos microfones da Assembleia.
O estranho é que outros deputados do PTB se entendem bem com o governo do Estado, a exemplo de Bráulio Braz. Por isso, para alguns cronistas da política mineira, fica claro que Sargento Rodrigues é apenas um representante da turma da segurança e não um líder de oposição.
No entanto, não é somente o petebista Sargento Rodrigues que usa seu mandato para defender determinada classe. A deputada Beatriz Cerqueira (PT) nem sempre segue a orientação de seu partido. Em quase todas as reuniões, ela faz uma defesa enfática dos interesses dos professores de Minas Gerais. É comum vê-la discrepar do pensamento e doutrina de sua sigla. Em algumas oportunidades, ela, inclusive, diverge publicamente de seu líder, o deputado André Quintão.
O parlamentar deixa transparecer que a oposição de seus companheiros de sigla é formal, porém, com início, meio e fim. “Todos sabem da nossa orientação ideológica. Mas é melhor assim do que agir como determinados colegas que atuam de acordo com interesse de grupos menores, especialmente quando são bem atendidos pela Cidade Administrativa”, declara.