O mundo todo está unido contra o coronavírus. A tentativa de conter a doença, que já chegou em mais de 50 países, incluindo o Brasil, tem mudado a rotina da população. Devido à facilidade de contágio da patologia, uma das principais formas de evitá-la é por meio do isolamento social. Por isso, tem surgido a campanha “#FiqueEmCasa”, que está atravessando fronteiras a fim de fomentar a ideia de que as pessoas não deixem seus lares se possível.
Por causa do coronavírus, inúmeras empresas decidiram manter seus funcionários trabalhando de casa, como é o caso do Edição do Brasil. Além disso, escolas particulares e públicas estão fechadas. Instituições culturais pausaram suas atividades, campeonatos importantes de futebol foram adiados, grandes eventos como o Minas Trend Preview, semana da moda mineira, está suspenso por tempo indeterminado. As autoridades têm pedido o bom senso de alguns segmentos, como o de academias, para reduzirem ou encerrarem suas atividades por um tempo. Missas e cultos de diversas igrejas estão sendo on-line. Quem tem viagem marcada para lazer, deve adiar, segundo especialistas.
Esta nova adaptação da realidade, porém, tem causado comoção e pânico na população. O coach emocional Winderson de Sousa explica que isso é natural. “É uma situação desconhecida, no entanto, paralelo à ansiedade que o coronavírus tem causado, é fundamental desenvolver o pensamento de que toda crise traz oportunidades, como rever valores e exercer o melhor cuidado com os familiares, bem como controle de gastos”.
Ele afirma que é preciso apontar o olhar para o que é favorável no momento. “Essa é a postura mais saudável a se tomar: cuidar uns dos outros, da família e dos amigos. Penso que dar ênfase na velocidade de contágio da doença e espalhar a informação de que o isolamento diminuirá esse ritmo é a melhor forma de conscientizar a população a focar no que realmente importa agora: o cuidado”.
O coach acrescenta que a principal dica para quem está em isolamento é a responsabilidade. “A rotina por si só será alterada, por isso é importante ficar em alerta e buscar algo produtivo para fazer, tanto para ocupar o tempo, quanto a mente. A gente tem que buscar informações sobre o coronavírus, mas também precisamos alimentar o pensamento com informações úteis para, assim, exercitar a criatividade”.
Cuidado com as crianças
O especialista dá ênfase a um grupo que não deve ficar alheio ao que acontece no mundo: as crianças. “É preciso ser transparente com elas, explicar o que está acontecendo de forma adequada, dentro da linguagem de cada idade. Os pais podem usar da criatividade e de um discurso lúdico, porém verdadeiro. Elas entendem tudo. A rotina está mudando e elas precisam saber o porquê”.
A psicopedagoga Rosângela Angélica também fala da importância de fazer as crianças entenderem o que está havendo. “Os pais precisam fazer os pequenos compreenderem a situação, ensinar o cuidado e, principalmente, fixar a ideia de que não estão de férias, por isso, devem estudar em casa”.
Segundo ela, a pausa nos estudos, pode causar uma defasagem no ensino e isso abrange as crianças que ainda não sabem ler e escrever. “A quebra na sequência dos conteúdos prejudica os estudos, pois a criança aprende na repetição. Os pais devem colocá-las para estudar no período em que estariam na escola. Além disso, os responsáveis devem buscar formas lúdicas de estudar a fim de interagir a criança com o mundo escolar”.
É exatamente o que a advogada Victória Brichesi tem feito. Ela e seu marido, que também é advogado, optaram por transferir o escritório para casa. Pais de duas crianças, uma de 3 e outra de 7, o casal tem tentado manter uma rotina tranquila. “Conversamos com os dois, explicamos que o coronavírus é um bichinho que pode deixar a gente doente e que ainda não há remédio e eles entenderam”, relata.
Ela adiciona que, para que ela e o marido consigam trabalhar, criaram rotinas de horários. “Nós dois revezamos entre fazer atividades do livro escolar, algumas que pesquisamos na internet, com um momento para ver filme, brincar e descansar. Está dando certo e saber que estamos seguros em casa, me faz respirar aliviada”.