Em Belo Horizonte, nos últimos dias de fevereiro, as conversas entre políticos de diferentes grupos foram intensas. Isso porque, logo após a semana do Carnaval, eles irão prestar mais atenção no calendário eleitoral, pois, a partir de 1º de maio, ou seja, daqui a 60 dias, termina o prazo da janela partidária. A partir dessa data, quem almeja candidatar-se para o pleito deste ano não poderá mudar de partido.
No PSDB, o desânimo é geral, especialmente depois da desfiliação do senador Antonio Anastasia. Ele foi um dos fundadores do partido, cria de Aécio Neves e sempre se vangloriava de ser um tucano de carteirinha. Porém, quando a situação complicou, principalmente após denúncias de corrupção envolvendo nomes da legenda, o senador “jogou a toalha e saiu de fininho”.
O resultado dessa decisão pôde ser visto por todos: o PSDB em Belo Horizonte está esfacelado. No momento, são poucos os nomes importantes interessados em se candidatarem a vereador e, devido a isso, eles precisarão de um candidato forte disputando a prefeitura, ou seja, um “puxador de votos”. Caso isso não aconteça, o desastre pode ser iminente.
Ainda sobre a saída do ex-tucano Anastasia, tudo indica que a decisão de abandonar o PSDB tem a ver com sua possível ida para o Tribunal de Contas da União (TCU). Ele já trabalha há anos nos bastidores para conseguir uma vaga no órgão. Caso isso aconteça, seu primeiro suplente, o ex-deputado e delegado Alexandre Silveira (PSD) é quem assumirá a vaga no Senado para cumprir os 3 anos restantes de mandato.
MDB em apuros
Ao longo de seu comando na sigla, o atual presidente do MDB de Minas, Newton Cardoso Jr., teria priorizado as cidades do interior e deixado para emprenhar-se em BH apenas na eleição deste ano. Todavia, esse desprezo pode ter consequências graves, principalmente no que diz respeito aos candidatos a vereadores. Já quando o assunto é um nome para prefeito, a situação se complica ainda mais, pois a sigla não tem ninguém de peso para concorrer com o atual prefeito Alexandre Kalil (PSD).
A situação política na capital realmente mudou, pois o MDB dominou a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e cidades metropolitanas por muitos anos. Sinais dos novos tempos.
Dando as cartas
Na verdade, quem dá as cartas na política de BH é apenas o grupo de Kalil, porque é em torno dele que se concentra os partidos expressivos e as lideranças mais fortes. Embora saibam que esta é uma tarefa difícil, eles estão unidos para o projeto da reeleição do prefeito ainda no primeiro turno.
No momento, o opositor para Kalil é o deputado João Vítor Xavier (Cidadania). Mas, no futuro, acredita-se que o parlamentar não será o único nome na oposição ao atual prefeito. Há um movimento de partidos, seja no campo da direita ou da esquerda, como o PSOL, PT, Partido Novo, entre outros, para coligar-se e indicar um candidato que incomodará o líder do Executivo de BH.