Se para você escalar é sinônimo de perigo, a família do escalador mineiro Jean Ouriques, 33, pode te provar que não. Junto com os pais e os dois irmãos, Ouriques escala desde 1996, quando tinha 10 anos. Aos 12, já competia. Agora, no dia 20 de fevereiro de 2020, o atleta embarca para o Campeonato PanAmericano, em Los Angeles. O resultado da competição é decisivo, quem ganhar, está dentro das Olimpíadas 2020.
Ao todo, apenas 40 atletas do mundo vão competir em Tóquio (20 no feminino e 20 no masculino) e cada país poderá levar 2 atletas de cada gênero. “É um pleito bem restrito”, afirma o atleta que já conquistou diversos campeonatos nacionais; campeão brasileiro da modalidade de boulder, em 2016; e campeão brasileiro da modalidade olímpica de velocidade combinada, em 2018.
A primeira vez que a escalada esportiva tentou entrar para as Olimpíadas foi em 1992, na competição que acontecia em Barcelona. Mas será em terras japonesas que a escalada estreará nos Jogos. O modelo de disputa do esporte será uma combinação das três modalidades oficiais: boulder, dificuldade e velocidade.
O boulder é disputado sem corda, em paredes de 5 metros de altura, protegidas por colchões de segurança na base. O objetivo é completar o máximo de boulders (blocos) possível no mínimo de tentativas. Exige técnica e força para se prender às agarras fixas no paredão. Ganha quem completar mais escaladas, que têm níveis diferentes de exigência. A dificuldade (lead), escalada com cordas, é feita em paredes de 15 a 20 metros de altura. Ganha quem chegar mais alto. Velocidade (speed), a modalidade mais simples para os iniciantes, reúne dois competidores, lado a lado, em vias idênticas. Ganha quem bater o botão primeiro lá em cima. As paredes têm, em média, 15 metros.
Membro da seleção brasileira de escalada esportiva convocada pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE), Ouriques não esconde a ansiedade. “A expectativa para estreia do esporte, para toda a comunidade da escalada, é muito alta”, diz. Porém existem alguns empecilhos na trajetória do Brasil rumo ao pódio. Um deles é a experiência com o novo formato de prova. “Tivemos poucos eventos no formato olímpico até hoje, então está todo mundo se acostumando ainda e estamos todos curiosos para ver como vai ser nas Olimpíadas. Temos atletas muito bons indo e é um grande marco para a escalada, porque a comunidade do esporte tem se organizado para entrar na competição há muitos anos”, diz Ouriques. Além disso, EUA, Canadá, Equador e Chile são países fortes na competição que podem dar trabalho para uma possível vitória brasileira.
Minas na rota da escalada
Segundo o atleta mineiro, Minas Gerais é um estado fundamental para a escalada esportiva. Perguntado sobre o local para escalar mais desafiador e marcante, não titubeia: Serra do Cipó. “Minas é com certeza o melhor estado para se escalar no Brasil. Temos muitas rochas maravilhosas e desafiadoras. A 1h30 de carro de Belo Horizonte, temos a Serra do Cipó, considerada o melhor pico de escalada esportiva da América do Sul. As pessoas vêm de todos os lugares do mundo para escalar aqui. É disparado meu local favorito para escalar em Minas”, disse.
Milho Verde, Conceição do Mato Dentro, Lagoa Santa, Lapinha e Pedra Riscada, no norte de estado, também estão na rota da escalada esportiva.