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Nova moda: conheça os riscos do uso dos cigarros eletrônicos

Criado para ser um substituto menos nocivo do cigarro convencional, os cigarros eletrônicos se tornaram moda nos Estados Unidos e já tem causado preocupação nas autoridades locais pois investiga-se a relação desse dispositivo com uma doença pulmonar grave e misteriosa, que provocou seis mortes e acometeu pelo menos 380 pessoas.

Apesar de ser proibido no Brasil, os e-cigarros são facilmente disponibilizados à venda na internet. Em uma pesquisa rápida, encontramos vaporizadores da Juul em mais de 20 perfis no Instagram, no qual anunciam a venda do produto “100% original”. As páginas afirmam que o item pode chegar em uma semana se vier direto dos EUA, mas apontam que há lojas virtuais com estoque e promessa de entrega rápida via delivery. Um kit para iniciantes custa de R$ 250 a R$ 450.

Leonardo Brand, cirurgião torácico e membro da Comissão Internacional para Estudos de Câncer de Pulmão, diz que usar os cigarros eletrônicos no Brasil pode ser ainda mais arriscado. “Pelo fato de ser proibido, não há nenhum órgão que regulariza a entrada desse produto. Por isso, não existe controle do que está sendo consumido”.

O médico elucida ainda que os e-cigarros são produzidos a partir dos vapores da queima do tabaco, que gera a nicotina (substância que causa o vício) e produz menos componentes cancerígenos. “Ele é uma das formas criadas para reduzir o tabagismo, pois oferece a nicotina em menor quantidade. Porém, como qualquer produto oriundo do tabaco, os e-cigarros também geram grande riscos à saúde das pessoas. Para começar, podemos falar que eles são produzidos por um metal, que pode gerar resíduos que vão se acumular no pulmão, causando câncer ou outras doenças pulmonares”.

Apesar do tabagismo estar diminuindo a cada dia no país – atualmente, menos de 9% da população brasileira é fumante -, esse novo mecanismo preocupa o especialista, pois ele tem o apelo tecnológico bem evidente, o que pode ser uma armadilha para os mais jovens. “Durante muitos anos, o Brasil lutou contra esse mal, com campanhas de conscientização, aumento nos impostos que incidem sobre o preço do cigarro, entre outras ações que ajudaram a diminuir o uso deste produto. Entretanto, os e-cigarros trazem consigo a questão da tecnologia, afinal eles são em formato de pendrive, que podem ser conectados ao computador ou até smartphones e, em alguns casos, é possível até fazer parte de uma rede social só de pessoas que os usam”.

Outro fator destacado pelo médico que também é um atrativo maior para essa faixa etária são as substâncias aromatizadas. “Esses componentes também possuem elementos que podem gerar várias doenças no pulmão, principalmente o câncer”.

Para finalizar, Brand afirma que a política da Anvisa de não liberar os e-cigarros é acertada. “O câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e sabe-se que o cigarro é o principal agente dessa doença, por isso, toda forma de alusão ao tabagismo deve ser combatida, desde os cigarros convencionais até os eletrônicos. Além do mais, existem várias outras formas de parar de fumar que não passe pelos e-cigarros, como o uso de medicamentos, e que deve ser orientado por um médico”.

Saúde bucal
O dentista Rusemberg de Oliveira diz que se comparar os cigarros eletrônicos com os convencionais, o segundo possui mais substâncias tóxicas, mas o primeiro também tem componentes que podem afetar a saúde bucal. “Há estudos americanos que identificaram nos cigarros eletrônicos a presença de compostos que também fazem mal, como chumbo. Se por um lado não deixam os dentes amarelos, não tem um mal cheiro tão acentuado e são mais baratos do que os convencionais, por outro, eles também podem causar câncer de boca e língua”, finaliza.