Aos 32 anos, o belo-horizontino Glauco Gominha já rodou o Brasil. Primeiro, acompanhando o pai, técnico do setor de engenharia, que mudava quase que de ano em ano em função da profissão. Depois, começou a própria saga em busca de seu objetivo: consagrar-se lutador profissional de jiu-jitsu. Para isso, o ano de 2019 será um divisor de água na carreira do mineiro. Faixa-marrom, ele se prepara para lutar no Orlando Summer, competição da Federação Internacional de Jiu-Jitsu Brasileiro (IBJJF), no dia 28 de julho, na Flórida (EUA).
Mesmo lutando taekwondo desde os 5 anos e, depois, capoeira, muay thay e luta livre, Gominha só conheceu o jiu-jitsu em 2009, já casado. Foi sua esposa quem falou sobre o treino da luta que acontecia na academia em que ela malhava. “Era a equipe Caveirinha do mestre Aldo Januário, onde o responsável local pela equipe era o mestre Carlos Júnior, mais conhecido como ‘Borracha’. Toda a minha formação desde a faixa branca até a roxa foi realizada com ele”, lembra.
No final de 2017, o lutador se mudou para Praia Grande, em São Paulo, para um dos passos mais ousados da carreira. “Queria uma oportunidade de viver somente do jiu-jitsu, foi onde conheci o mestre Alexandre, o Pezão, da equipe Checkmat. Foi nessa equipe que me dediquei 24h do jiu-jitsu, onde o mestre Pezão trabalhou duro para me preparar e aperfeiçoar a minha luta para as competições”, conta.
Fora do tatame, o mineiro e a família também travavam lutas. “Sobrevivia da ajuda financeira da igreja, por meio do projeto ‘Atletas em Ação’. Também tive ajuda de muitos amigos de treino que doavam cesta básica para mim, minha esposa e minhas filhas”. Nessa fase, Gominha chegava a pedalar 60km para conseguir treinar. Mas nem só do gosto amargo das dificuldades foi feito 2018, no final do ano, o lutador colhia frutos: campeão brasileiro, pan-americano, sul-americano e mundial da CBJJE. Fechou o ano como o 16° melhor atleta do mundo pela IBJJF.
Há um ano e 3 meses, Gominha se mudou para os EUA. O objetivo continua o mesmo: manter-se financeiramente com o esporte. “A minha vinda para cá foi pra buscar estar entre os melhores lutadores de jiu-jitsu do mundo, para fazer grandes lutas e me destacar porque acredito no meu jiu-jitsu e sei que tenho condições de estar entre os melhores”. A rotina também continua puxada. “Meu dia começa às 6h na academia que dou aula para uma turma até 8h30. Saio direto para o trabalho na construção civil, onde fico até às 18h. De lá mesmo, vou direto para o treino de competição que termina às 21h. Depois do treino, vou para outra academia realizar a preparação física”.
Na reta final da preparação para competição da próxima semana, o lutador está seguro. “Estou confiante de obter mais esse título, pois somente eu, minha família, meus coachs e parceiros de treino sabem o quanto me dedico para viver do jiu-jitsu e me sagrar campeão”. A luta servirá como treinamento para o Campeonato Mundial de Masters, que acontecerá no dia 11 de agosto, em Las Vegas (EUA). “Esse é um dos meus alvos a ser conquistado neste ano”, crava.