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65% dos jovens da Geração Z contribuem com despesas da casa

Jovens marcados pela dicotomia na forma de lidar com o dinheiro. É assim que podemos definir a Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010). De acordo com a pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), ao mesmo tempo em que 65% deles ajudam com as despesas domésticas, 47% não realizam o controle de suas dívidas.

As principais justificativas para não conseguirem equilibrar as contas são: não saber fazer (19%), sentir preguiça (18%), não ter hábito ou disciplina (18%) ou não ter rendimentos (16%). Por outro lado, 53% afirmam controlar receitas e despesas.
Para Marco Antônio Corradi, superintendente da CNDL, esses dados podem ser olhados de maneiras diferentes. “É importante saber que mais da metade desses jovens consegue manter a saúde financeira, porque isso é fundamental para o crescimento pessoal e faz parte da vida adulta. Mas é muito preocupante que quase 50% não controlem os gastos. Afinal, a displicência de agora pode gerar graves consequências no futuro, seja uma negativa de crédito para comprar algum bem durável ou realizar algum sonho, como viagens, mestrado; ou até mesmo para o estabelecimento que deixou de receber aquele pagamento”.

Outro ponto destacado é sobre de onde vem a renda dessa geração: a maior parte trabalha com carteira assinada (36%) ou estão realizando alguma atividade informal (23%). Entretanto, 22% não têm rendimentos. O estudo mostra, ainda, que aqueles que afirmam ter dinheiro guardado (52%), investem em opções pouco ou nada rentáveis: 53% mantém os valores na poupança, 25% guardam em casa e 20% na conta corrente. “Os jovens têm várias informações disponíveis e, talvez, eles não estejam conseguindo ter a expertise de aproveitar o que está acessível”.

Pensando no futuro
Mesmo com a iminência da aprovação da reforma da Previdência, na qual irá aumentar o tempo de contribuição e trabalho para que o cidadão consiga o benefício da aposentadoria, a maioria dos jovens da Geração Z não estão preocupados com o futuro. 75% dos entrevistados não se preparam para a velhice e as razões para não fazerem isso são: não ter renda (27%), o fato de se considerarem muito jovens (27%), não sobrar dinheiro (24%) e não saber como fazer (21%).

Entre os que realizam algum preparo para o futuro, as estratégias mais comum são: a aplicação em poupança (26%), o INSS pago pela empresa (21%) – que não reflete um investimento deles mesmos –, a Previdência Privada (21%), a abertura do próprio negócio (21%) e o INSS pago de forma autônoma (19%). E as justificativas para poupar são por julgar que sempre foram precavidos (35%), espelhar-se em exemplos de pessoas que não se prepararam e tiveram problemas financeiros (22%) ou mesmo em pessoas que se prepararam e, por isso, tiveram uma aposentadoria tranquila (18%).

“Esse dados mostram, com clareza, que os jovens estão preocupados com o agora e não com o futuro. Se daqui a uns anos eles planejam viajar ou ter mais opções de lazer, é importante começar a fazer reservas financeiras para aproveitar mais no amanhã”, elucida Corradi.

Sem tempo e dinheiro
A vida da estudante de direito Ana Paula Soares, 22 anos, pode ser um exemplo do que acontece com a nova geração. Durante o dia, ela faz estágio em um escritório de advocacia e à noite frequenta as aulas. “Recebo mensalmente R$ 1.200 e os vales de alimentação e transporte, entretanto, o que para alguns pode ser muito, para mim não é. A conta não fecha, pois tenho que pagar parte da mensalidade da faculdade, a van para voltar para casa e ainda ajudo com as despesas domésticas. Com tudo isso, juntar dinheiro é algo impossível”.

Para tentar equalizar essa diferença orçamentária, Ana Paula conta que já pensou em trocar de estágio, mas não conseguiu nenhum que oferecesse uma bolsa maior. “Estou na corda bamba, pois meu contrato de trabalho vence no final de julho e ainda não tenho nada em vista. Tenho esperanças, mas sei que não posso ficar desempregada”, finaliza.