Certamente, no momento em que os leitores estiverem lendo esta coluna, o futebol mineiro já terá um novo campeão. Tomara que o vencedor seja o seu time.
Esse campeonato mineiro tem sido bastante contestado pelos torcedores, principalmente, os mais jovens. Entretanto, além da tradição, representa a própria existência para os times do interior e um bom dinheiro para reforçar o caixa dos times da capital. É verdade que precisa ser reformulado. Mas isso é outro papo. Vida que segue.
O que interessa, no momento, é o campeonato brasileiro que vai começar. Ainda que muita gente discorde, é a maior competição futebolística do mundo. Tanto em quantidade de participantes, como em potencial técnico de times para chegar ao topo. No continente europeu, dono de futebol rico e poderoso, meia dúzia de times disputam títulos. Os demais são meros figurantes. Nos países vizinhos, menos ainda. Cada país tem, no máximo, três times disputando a supremacia. No Brasil, é diferente. Dos vinte participantes, pelo menos a metade reúne condições para faturar o título.
O que atrapalha o futebol brasileiro, além do amadorismo de alguns dirigentes, é a economia do país. Vivemos em crise. Sempre falta dinheiro para segurar os melhores jogadores. Para tentar suavizar o orçamento, enfrentamos um calendário cruel. São muitos jogos em dias e horários estranhos, isso sem falar de tantas viagens e gramados nem sempre bons. É verdade que a politicagem e a picaretagem também atrapalham muito. Mas não é coisa generalizada. Temos muita gente boa no futebol. Corretos, idealistas, bem intencionadas. Muitos são até heróis, carregam seus clubes nas costas, colocando dinheiro do próprio bolso.
Mas o que importa, agora, é que o brasileiro vai começar. Atlético e Cruzeiro representam Minas na elite do futebol. Baseado nos números, o Cruzeiro entra como favorito. Tem um bom elenco, tanto em quantidade e qualidade. Uma comissão técnica experiente, testada e liderada pelo Mano Menezes, sem dúvida um dos melhores do Brasil. Talvez do mundo. Tem também uma diretoria altamente competente.
No Atlético, as dúvidas são muitas. A diretoria vem tentando acertar, mesmo derrapando muito.
As trocas constantes da comissão técnica, a saída e chegada de jogadores, vem prejudicando demais o rendimento do time. Vamos sentir a partir de agora se as mudanças propostas vão resolver os problemas. O certo é que o Atlético é um clube grande, tradicional, com torcida imensa e plenas condições de superar os obstáculos e realizar uma boa campanha.
Além do brasileiro, Atlético e Cruzeiro ainda disputam a Copa Libertadores e a Copa do Brasil, o que faz o desafio ser ainda maior.
Na série B, o América volta a sua vidinha de time elevador. Um dia sobe, no outro desce. Desde o ano passado faz campanha ruim, tanto no mineiro, como no nacional. A vantagem é que mantem Givanildo Oliveira e sua comissão no comando técnico e reforçou o elenco com algumas boas contratações. Penso que o maior problema do América é não acreditar nos talentos que revela. Prefere investir em atletas rodados, vindos de longe, sem ligação com a tradição do clube.
Outro problema sério do América é a falta de torcida. Joga sempre com estádio vazio. Uma situação que o marketing do clube precisa resolver com muita criatividade.
Temos também Tombense e Boa Esporte enfrentando o desafio da série C. Patrocinense, Tupi, Caldense e URT vão brigar na série D. Não é fácil encarar tamanho desafio. Os recursos financeiros são poucos, as viagens longas, os campos ruins e a pressão imensa. É uma luta terrível em busca de um lugarzinho na sombra desse escaldante futebol brasileiro. Merecem nosso carinho, apoio e respeito.
Ainda vamos ter diversas novidades no futebol brasileiro. Começa com o futebol feminino que vem sendo incentivado. Várias competições estão em andamento.
Tem também o astro do momento. O VAR ou árbitro de vídeo. É o assunto do momento em todas as rodas. Especialistas e torcedores até esqueceram do árbitro e só discutem a validade ou não do tal VAR. Virou até piada. A vantagem é que o VAR não tem mãe. Assim o torcedor fica bravo, mas não tem como mandar aquele palavrão.
Quem anda sofrendo são os narradores. Colocam toda força no grito de gol, aí aparece o danado do VAR e joga água fria na emoção. Certo ou errado, bom ou ruim, o VAR veio para ficar. Aos poucos, a gente vai acostumando.
No meio de tudo isto, a nossa valorosa imprensa esportiva já está pronta e preparada para percorrer boa parte do Brasil correndo atrás da bola com o objetivo de levar até você a melhor informação e muita emoção. Até a próxima.
*Presidente da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) amce@amce.org.br