A instalação do árbitro de vídeo está dividindo opiniões no futebol brasileiro. Alguns técnicos, jogadores e torcedores consideram que esse tipo de tecnologia pode mudar a relação com o esporte, outros acreditam que pode acabar com as injustiças cometidas pela arbitragem. Em meio aos diferentes palpites sobre o assunto, a CBF bateu o martelo na última semana e decidiu que não será utilizada a importante ferramenta nas últimas e decisivas rodadas do Campeonato Brasileiro.
Nos últimos dias, clubes como Flamengo e Internacional sugeriram a utilização do VAR nos jogos que faltam do Campeonato Brasileiro. Seria uma medida para evitar polêmicas e minimizar erros na reta final da competição.
Segundo o presidente do Internacional, Marcelo Medeiros, a proposta foi muito bem recebida pela CBF, mas a entidade vê dificuldade técnica na implantação do VAR em todas as rodadas nesse momento. “A CBF viu com bons olhos a manifestação e ficou de estudar para que a gente possa dar um passo nesse sentido em um futuro próximo”, explicou Medeiros.
Em fevereiro deste ano, após reunião do Conselho Técnico do Brasileirão, ficou decidido que não haveria árbitro de vídeo na competição. O placar na votação com representantes dos 20 clubes da Série A foi de 12 a 7 contra o VAR, além de uma abstenção. O principal motivo contra a implantação da tecnologia foi o considerado alto custo (R$ 20 milhões).
O árbitro de vídeo já é adotado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) na Libertadores, Copa Sul-americana e as principais ligas da Europa também usam o VAR em suas competições. A Fifa também implementou o sistema na Copa do Mundo da Rússia.
O veto não passou apenas pela questão financeira. Dirigentes dos clubes que são contra o VAR argumentam que a tecnologia deveria ser implantada desde o início do campeonato e não apenas após a Copa do Mundo com o Brasileirão já em andamento. Disseram que haveria um desequilíbrio técnico porque muitos jogos poderiam ter resultados contestados sem o uso da tecnologia. Como a CBF não deu garantias de que o sistema poderia ser usado logo na primeira rodada, a ideia de contar com a tecnologia, portanto, foi frustrada.
Um passo ainda a ser dado é a contratação de uma empresa para a implementação do sistema em todos os jogos, simultaneamente. As negociações já estão em andamento. A expectativa é de que na temporada 2019 o árbitro de vídeo seja utilizado desde o início do Campeonato Brasileiro, trazendo mais justiça ao futebol, minimizando os erros de arbitragem e legitimando os resultados das partidas.
*Desembargador do TJMG e Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo