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Ginastas da UFMG ganham Copa do Mundo na Bulgária

Foi apostando no conhecido potencial do Brasil nos esportes que, em 1997, a professora Kátia Lemos, do Departamento de Educação Física da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da UFMG, fundou o Projeto de Ginástica Aeróbica (PGA). Prestes a completar 22 anos de trabalho, a equipe colhe suas maiores vitórias: a conquista do título da Copa do Mundo da Federação Internacional de Ginástica (FIG), sediada na Bulgária, com o atleta Lucas Santiago no individual masculino, e na disputa por duplas, com Lucas e Tamires Silva.

O PGA realiza gratuitamente a formação de atletas para competições a nível municipal, estadual, nacional e internacional, com equipes infantil, sênior e de elite. A Copa do Mundo da FIG acontece anualmente e seus campeões definem o ranking mundial de ginástica. Para Kátia, coordenadora-geral do projeto, a vitória sinaliza que a universidade está no caminho certo. “Significa que a UFMG está devolvendo para sociedade, de uma maneira ímpar, todo o conhecimento que produz. A partir do momento que se oferece a formação de atletas de alto nível, gratuitamente, numa instituição de ensino superior, a mensagem é: todos têm direitos. Se você tem um sonho, pode lutar por ele”, define.

Para o primeiro colocado do ranking mundial da FIG Lucas Santiago, 24 anos, a vitória foi um divisor de águas. “Veio no momento mais certo, estava pensando em parar de competir. Além do tempo de vida útil na ginástica ser muito curto, tem a questão do patrocínio, que é muito difícil. E preciso trabalhar e pagar minha faculdade. Mas agora mudou tudo, essa vitória abre portas”, comemora.

Tamires Silva, 19 anos, também foi destaque no mundial. A estudante de fisioterapia treina desde os 8 anos e precisou se recuperar de duas lesões para competir. “Estava treinando para segunda etapa e torci o pé esquerdo em abril e, em maio, torci o direito. Foram lesões bem complicadas”. Além da superação física, a atleta conta ter lidado com a própria cobrança. “Foram várias lutas internas, mas vencer uma Copa do Mundo é fazer seu nome na ginástica. Fizemos história para o Brasil”. A mineira ocupa a segunda colocação no ranking mundial, na disputa por duplas.

Agora, Tamires está recuperada, mas, de acordo com uma das fisioterapeutas do projeto Fernanda Viega, as lesões foram graves. “Fizemos um verdadeiro intensivão de tratamento, bem focado em deixá-la no seu melhor para o campeonato, mas não havia tempo fisiológico para tratar das lesões. Ela chegou bem, mas não 100%”, avalia.

Para o treinador Pedro Augusto, o Pêt, as lesões de Tamires foram um dos grandes desafios no caminho até o pódio. “Para competição na Bulgária, eles estavam praticamente prontos, em termos de técnica. Recuperar essas lesões foi nosso principal trabalho para conseguir extrair o melhor deles”.

2019 incerto
Mesmo realizando o feito de tocar o hino brasileiro em duas ocasiões na Copa do Mundo, o plantel de elite de um dos projetos mais completos de extensão da EEFFTO corre riscos. “A UFMG não tem dinheiro para gastos com viagens. Só deu certo porque, hoje, temos uma emenda parlamentar da deputada Jô Morais (PCdoB). Ela não conseguiu só o dinheiro, como também deu esperanças ao projeto, mas não foi reeleita. Existe uma grande possibilidade do projeto ser encerrado”, explica a coordenadora Kátia. Sobre a nova bancada eleita, ela afirma não ter nenhum acesso. “Os que procurei no passado, nunca me atenderam. Você sabe o que é treinar o ano inteiro e não saber se vai ter dinheiro para competição?”.

O projeto é a menina dos olhos da coordenadora, que iniciou um embrião na Escola Municipal Marcone, na qual trabalhou antes de se tornar docente da UFMG. “Esses resultados me enchem de orgulho e vêm coroar o nosso trabalho, porque no esporte é assim: se não tiver medalha por melhor que seja o seu trabalho, você não é nada. Sinto-me muito orgulhosa dos meus atletas, do Lucas e da Rebeca, dos que estão chegando, da minha comissão técnica. E fazemos isso formando atletas, produzindo conhecimento, capacitando futuros treinadores, fisioterapeutas, psicólogos do esporte e nutricionistas, porque trabalhamos em equipe”, ressaltou.

E 2018 ainda não se encerrou, no dia 29, os atletas embarcam para o Peru rumo ao Campeonato Pan-americano.