Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apurou quais são as profissões com o menor e o maior avanço na ocupação formal entre 2007 e 2017. No geral, profissões em processo de extinção se caracterizaram pela baixa qualificação e exposição ao avanço da tecnologia, já as mais promissoras estão ligadas aos cuidados com saúde, educação infantil e informação.
Dentre as 20 profissões que mais avançaram nos últimos 10 anos, destacam-se cuidadores de idosos, preparadores físicos, técnicos de enfermagem, técnicos em saúde bucal e fisioterapeutas, professor e pedagogo na educação infantil, além das ocupações relacionadas a serviços de informação e comunicação, como analistas de informações, instaladores e técnicos de redes de comunicação e operadores de telemarketing.
A coach Channa Vasco atenta para o fato de que a expectativa de vida do brasileiro aumentou, associada a produtividade. “Além de vivermos mais, vamos trabalhar por mais anos. Profissionais envolvidos na questão da qualidade de vida, educação e corpo ganham espaço, assim como as pessoas terão mais condições de investir em cuidados ao idoso e os profissionais já estão de olho nisso”, diz.
Na contramão, profissões que requerem baixa qualificação, cujo serviço está exposto aos avanços da tecnologia, perderam espaço no mercado de trabalho na última década em ocupações concentradas nas indústrias extrativa mineral, vegetal e têxtil, além de serviços bancários, dentre outros.
Sobre esta parcela, Channa destaca que qualquer pessoa pode ficar desempregada, mas a tendência é que trabalhos repetitivos sejam automatizados. “O robô ‘Watson’ é uma tecnologia que já responde questões simples sobre direito. Se é certo ou errado, não vou entrar no mérito. O fato é qualquer ação que seja automatizada e repetitiva pode ser substituída por tecnologia, independente se a pessoa tem ensino médio ou superior”, complementa.
Na experiência da coach, a “carta na manga” para sobressair no ambiente de trabalho é o aperfeiçoamento de habilidades comportamentais. “As pessoas são contratadas por competências técnicas, mas são demitidas por questões comportamentais. Como a pessoa se comporta frente a novos desafios é uma complexidade que a máquina não consegue substituir”, opina.
Entre 2007 e 2017, o contingente de trabalhadores, contratados pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que possuem nível superior completo ou incompleto aumentou 62,6%, contra um avanço de 23,1% na média do emprego formal. Por outro lado, em 2007, 16,3 milhões de pessoas formalmente ocupadas não tinham mais do que o nível médio incompleto (43,5% do total). Dez anos depois, esses trabalhadores representavam 25,5% do mercado (11,8 milhões de pessoas).
Empreendedor por necessidade
A CNC ainda aponta no estudo outra característica marcante do período de crescimento econômico: maiores oportunidades de empreendedorismo. Os empregadores, como proporção da força de trabalho, passaram de 3,9% em 2007 para 4,7% em 2017. “O crescimento do número de empregadores, no entanto, teve como impulso não a oportunidade, mas a necessidade de empreender após o aumento da taxa de desemprego atingir níveis recordes no primeiro trimestre de 2016”, destaca Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC. Nos últimos 10 anos, o número de empregadores no país passou de 3,43 milhões para 4,40 milhões de pessoas (alta de 27%).
Para Channa, o empreendedor brasileiro precisa de foco. “O Brasil é um dos países mais empreendedores do mundo, mas também com maiores índices de mortalidade empresarial. Se o profissional quer se destacar, além de iniciativa de liderança, que o brasileiro tem de sobra, precisa de algo chamado ‘acabativa’, a capacidade de terminar aquilo que iniciaram ou concluir o que outros começaram”, aconselha.