A produção de peixes cultivados no país atingiu, aproximadamente, 692 mil toneladas em 2017, com receita de R$ 4,7 bilhões. E a procura pela proteína tem sido crescente. Pesquisas revelam que o brasileiro come, por ano, cerca de 9,5 quilos do produto. No entanto, apesar dos números chamarem atenção, o consumo da iguaria no país ainda está abaixo do recomendado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A instituição afirma que o ideal é comer 12 quilos por ano.
E é justamente para aumentar as vendas, assim como fortalecer a importância desse alimento para a saúde dos brasileiros, que a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) deu início a Semana do Peixe. “Durante o período da Quaresma temos um aumento significativo no consumo, bem como durante o verão. Porém, historicamente, no inverno há uma redução e a partir da segunda quinzena de agosto e início de setembro, o mercado começa a se recuperar. A ideia da Semana do Peixe é potencializar essa retomada de crescimento do consumo”, explica Francisco Medeiros, presidente da associação.
A campanha segue até final de setembro. Participam as redes de supermercados, peixarias, bares e restaurantes, cada um com sua ação de engajamento. “Nós queremos que a Semana do Peixe seja algo parecido com Dia dos Namorados, Dia das Mães e Natal. Esperamos um acréscimo de cerca de 20% a 30% nas vendas somente em setembro. Apesar de parecer uma margem grande, vivemos uma situação política e econômica totalmente diferente dos anos anteriores e não sabemos como o público vai se comportar”, afirma.
Ele destaca que um dos peixes mais procurados pelos brasileiros é a tilápia. “A criação dessa espécie representou 52% de toda a produção do ano passado. Na sequência vêm os peixes tambaqui, pacu e caranha, que são semelhantes. E logo depois o salmão, camarão, cação, bacalhau”. Medeiros diz que é cada vez mais importante estimular o consumo do pescado. “Uma das razões é a saúde das pessoas. Hoje consumimos, anualmente, cerca de 42 quilos de frango, 40 quilos de carne bovina e 15 quilos de suína, contra apenas 9,5 quilos de pescado. Os países que têm maior consumo per capita de peixe possuem melhor qualidade de vida do ponto de vista da saúde”.
Ainda de acordo com o presidente, o segundo objetivo é de fomentar o consumo é para criar uma economia de escala no país. “A pesca é um setor que captura muito pouco se compararmos com outros países, pois temos uma estrutura pesqueira pequena. A grande oportunidade de oferta de pescado na mesa do consumidor é através da aquicultura. Temos muitos recursos hídricos e o grão produzido que é o alimento mais importante da criação. Para se ter uma ideia, o país que mais produz peixe no mundo é a China, com cerca de 40 milhões de toneladas por ano. Eles compram soja no Brasil para alimentar os peixes. Então, nós temos essa vantagem competitiva. Acredito que, nas próximas décadas, esse produto se tornará um importante commodity na nossa balança comercial, que hoje é deficitária”, finaliza.
Para todos os gostos
Para Oswaldo Lima, dono de um restaurante especializado em pratos de peixe, a campanha ajuda a divulgar o produto. “Os pedidos que mais saem é tilápia, salmão e pintado na brasa. A gente sempre fica otimista com as vendas e esperamos avançar 15% em relação aos meses anteriores. Normalmente, temos uma alta boa na Quaresma. Aqueles que não querem ter o trabalho de preparar a iguaria em casa recorrem aos restaurantes. Esse mês incrementamos nosso cardápio para atrair ainda mais clientes e fizemos uma promoção”, diz.
Já para Wiliam Neto, proprietário de uma peixaria, sem dúvida, setembro é uma das melhores épocas para venda de peixes. “Nos últimos anos, os brasileiros têm optado por um estilo de vida mais saudável e consumido mais pescados. Eles procuram muito pelo cação em postas, tilápia, sardinha e pacu. Os preços têm para todos os bolsos e variam de R$ 12 a R$ 80 o quilo. O movimento aqui na loja deve crescer uns 20%”.