A entrada do senador Antonio Anastasia (PSDB) na disputa pelo Governo de Minas, foi a jogada que realmente mexeu no tabuleiro político-eleitoral. A tendência é que ele consiga aglutinar as forças oposicionistas, trazendo para seu palanque nomes como Dinis Pinheiro (SD) e Rodrigo Pacheco (DEM). Quem anda nos bastidores não descarta inclusive a entrada de Marcio Lacerda (PSB).
Pelo lado do governo, Fernando Pimentel (PT) pavimenta sua candidatura à reeleição, trazendo agora para a chapa majoritária uma jamanta de 56 toneladas para ser puxada morro acima com uma corda: a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Não me surpreende que, líder de um governo campeão em atrasos em repasses para municípios, escalonamento de salários, loteamento da máquina pública, apadrinhamentos e incompetência administrativa, Pimentel tenha escolhido justamente uma ex-presidente impedida de governar pelas práticas de pedalas fiscais.
Dilma é um peso extra para um sujeito em situação política e jurídica tão ruim como Pimentel. Quem não deve estar gostando da situação é o PMDB-MG, mais uma vez usado como rapariga pelo PT: descartado sem a menor consideração.
Não vai ter como fazer a disputa estadual sem comparações objetivas e subjetivas: na primeira, como não comparar os governos Anastasia e Pimentel sem dar total crédito ao primeiro? Subjetivamente, como não comparar as situações pessoais dos dois candidatos? Pimentel é acusado no bojo da operação Acrônimo e passou o governo inteiro se escondendo. Pimentel lidera um governo incompetente e caloteiro. Anastasia assumiu a dianteira do processo de sua candidatura e será protagonista na campanha e governo. Vou ser objetivo: Anastasia vem sem Aécio.
Pimentel traz Dilma à tira colo. Vamos comparar?
Lula, como homem do direito, da comunicação e da ciência política, só me resta dizer que, institucionalmente, é lamentável a prisão de um ex-presidente da República. Advoguei a tese da manutenção do habeas corpus preventivo para Lula enquanto não se julga as Ações Declaratórias de Constitucionalidade que estão em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), para por fim à celeuma presente.
Por óbvio, creio ser plausível a prisão pós-julgamento em segunda instância, fase na qual se examina a materialidade dos delitos. Lado outro, não é isso que a Constituição da República diz, ipsis litteris. Se a Constituição não diz, fico, por amor ao direito constitucional preso ao texto da carta, literalmente. Sou contra a execução antecipada da pena para Lula porque sou contra a execução antecipada da pena para qualquer pessoa enquanto a Constituição for a que temos aí.
Não custa lembrar que, no âmbito da ciência política e da teoria do estado, a democracia não se esgota em formalidades. Há também a questão dos valores. Precisamos ficar atentos aos momentos em que o regime pode ser assediado ou assaltado por forças que se julgam juízes supremos do mundo. Quando isso acontece, a democracia passa a correr riscos. E em fria análise, é isso que o Ministério Público Federal, setores da Justiça Federal e da Polícia Federal têm feito no país.
Obviamente, Lula não é um preso político. Seria se estivesse numa ditadura amiga do PT, como Cuba e Venezuela, onde pessoas são presas e molestadas apenas por opiniões contrárias ao regime. O PT nunca me serviu e eu abomino o partido da mesma forma como abomino todo o comunopetismo. Mas não reconhecer que Lula está submetido a um processo de exceção corresponde a ficar cego para o óbvio só porque Lula é Lula e porque, afinal, “a Lava Jato estaria livrando o Brasil da corrupção”, o que definitivamente não corresponde à realidade.
*Jornalista e consultor em marketing político e governamental
Foto: Ricardo Stuckert