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Correndo contra o tempo: fertilidade pode ser afetada pelo adiamento da maternidade

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que os distúrbios ovulatórios estão entre as causas mais comuns da infertilidade feminina e a idade é o principal motivo.  Além disso, a organização aponta ainda que um a cada cinco casais tem ou terão problemas dessa situação.

O ginecologista Luiz Augusto, creditado pela Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), explica que, diferente do sexo masculino que produz espermatozoides durante toda a vida – cerca de 1 milhão a cada 90 dias –, a mulher já nasce com a quantidade de óvulos que acabam na menopausa. “Biologicamente, uma boa população de óvulos existe até por volta dos 25 e 30 anos, mas, a partir disso, a maioria das mulheres apresenta queda”.

[box title=”Distúrbio ovulatório” bg_color=”#e2e2e2″ align=”center”]Ocorrem quando há uma quantidade reduzida de folículos, uma espécie de cápsulas que guardam os óvulos. Isso leva à problemas na maturação das células sexuais produzidas nos ovários, os gametas femininos, podendo causar baixa frequência de ovulações ou sua ausência completa. A idade avançada é a principal vilã dos distúrbios na ovulação.[/box]

Estudar, conhecer o mundo e depois de tudo ter um filho. Essa é a premissa de muitas mulheres, mas o especialista alerta que ultrapassar a idade média pode ser um fator preocupante. Ele explica que é preciso fazer exames periódicos para medir a reserva ovariana a fim de não ter surpresas no futuro. “A ultrassonografia transvaginal é o exame feito para medir a reserva. Por meio dela fazemos a contagem dos folículos antrais com tamanho entre 2 e 9 mm. Se a conta resultar um número menor que 8, podemos dizer que há uma baixa reserva ovariana e, consequentemente, um baixo potencial fértil. Desta forma, ela tem uma informação exata se poderá ou não esperar”, esclarece.

Isso foi o que aconteceu com Amanda Santos, 30. Ela iniciou as tentativas para engravidar aos 26 anos e, a cada visita ao ginecologista para planejar a gravidez, era informada que tudo estava bem. No entanto, Amanda conta que a médica não solicitou o exame para contagem da reserva, apenas os de sangue e ultrassom comum. “Ela sempre dizia que eu era jovem e era normal demorar. Se passaram 3 anos e não conseguia ficar grávida. Decidi procurar uma clínica especializada e lá descobri que já estava com baixa reserva e os óvulos não tinham qualidade. Foi terrível passar por isso durante 3 anos e meio. Fiquei frustrada”.

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O médico explica ainda que o gasto desses óvulos varia de mulher para mulher, ou seja, 1% delas irá entrar na menopausa antes dos 40 anos. “E, além disso, existem alguns fatores ambientais, que estão sendo estudados, e podem comprometer a reserva”.

Augusto alerta para outras causas como o uso de cigarro, obesidade, depressão e mudanças de hábitos que podem contribuir para esse gasto de óvulos a mais. “Tem algumas doenças genéticas que faz com que o órgão se desgaste rapidamente, mas é uma porcentagem muito pequena, cerca de 1%. A maioria tem a sua reserva diminuída devido ao adiamento voluntário, que vai dificultar ou impossibilitar a mulher de ter um filho”.

O especialista diz ainda que outra opção é congelar os óvulos, cerca de 15 unidades, antes dos 35 anos. “Se ele for guardado aos 28 anos e a ela quiser engravidar aos 40 as chances são melhores, devido à qualidade”.

Ele conta que nos EUA aproximadamente 15% das mulheres em idade reprodutiva já congelaram seus óvulos. “Não é algo barato, mas gira em torno de R$ 7 mil. Mas é mais viável do que arcar com um tratamento futuro”.

Tratamento de baixo custo
O Hospital das Clínicas (HC) da UFMG realiza fertilização in vitro (FIV) e inseminação artificial. Segundo a assessoria de imprensa do HC, o SUS não oferece tratamentos de reprodução assistida. Não existe uma política específica do SUS para a oferta desses tratamentos. Alguns serviços públicos no Brasil oferecem tratamentos gratuitamente por iniciativa própria, como o Hospital das Clínicas da UFMG e a forma de acesso depende de cada local.

Eles informam ainda que para conseguir tratamento no Laboratório de Reprodução Humana Professor Aroldo Camargos do HC é preciso ter um encaminhamento para o Ambulatório de Reprodução Humana no PAM da Sagrada Família. Caso o paciente seja de Belo Horizonte, essa marcação é feita pela própria unidade básica de saúde do bairro onde mora. Agora se o paciente é de outra cidade ou Estado, essa marcação deve ser feita pela Secretaria de Saúde da cidade de origem, por meio de contato com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte. “Na consulta no PAM será confirmado o diagnóstico de infertilidade, assim como podem ser resolvidos casos mais simples. Os que necessitarem de tratamento são encaminhados para cadastro na fila de espera”.

Segundo eles, para a FIV o tempo estimado de esperar é de até 4 anos, o paciente é chamado para o tratamento gratuito, mas precisa comprar as medicações. Já para a inseminação artificial não há espera. “Cada paciente pode realizar até 3 tentativas de fertilização in vitro, se não tiver obtido sucesso na primeira ou segunda”, informam.

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Fonte: HC-UFMG