Embalagem de salgadinho, isopor de presunto, garrafinha de água e o saquinho de frutas que você compra no mercado. Consumimos tantos produtos que, no final das contas, não temos noção de quanto lixo descartamos por dia. Mas, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) fez esse levantamento e chegou a um número preocupante: cada brasileiro produz em média 387 kg de lixo por ano, sendo mais de 79 mil toneladas anualmente.
A região Sudeste é a que descarta mais lixo. De acordo com a pesquisa, Minas Gerais produz 17.592 toneladas (t) de lixo por dia, coleta 16.011 t e faz destinação adequada de apenas 10.277 t. O Rio de Janeiro gera 21.041 t, coleta 20.450 t e realiza destinação adequada de 13.932 t. Já São Paulo, lidera o ranking, com 56.626 toneladas geradas por dia e destinação adequada de 42.715 t. O Estado do Espírito Santo produz 2.956 t/dia e destina corretamente 1.735 t.
Vale ressaltar que entre 2003 e 2014, a geração de lixo subiu 29% no país, enquanto que o crescimento populacional foi de 6%. O padrão de consumo está cada vez maior em todo o mundo, fazendo com que a produção de lixo siga pelo mesmo caminho.
Segundo o engenheiro civil e sanitarista, professor da UNA e PUC Minas, Cícero Catapreta, na realidade, a produção per capita de lixo por ano deve ser ainda maior e as consequências são preocupantes. “Considerando que as atividades de limpeza urbana, de maneira geral, não abrange toda a população, uma grande parcela dos resíduos não é coletada, nos deixando expostos a resíduos descartados indevidamente no ambiente”. O professor explica que isso pode gerar inconvenientes relacionados a saúde pública e estética da cidade. “Pode também contribuir com a obstrução do sistema de drenagem urbano. Quanto mais resíduos gerados maior a possibilidade disso ocorrer”.
Ele salienta que é preciso aumentar as áreas para a disposição de resíduos, caso não haja coleta seletiva e reciclagem na cidade. E que a conscientização da população para um consumo sustentável é imprescindível. “Consumir menos produtos que são comercializados em embalagens descartáveis, reutilizar mais os materiais, componentes e embalagens, como potes de condimentos. Implantar coleta seletiva de forma abrangente e, por fim, ampliar as possibilidade de reciclagem, por exemplo, o vidro não se recicla em Minas, tem que enviar para São Paulo”.
Para ele, no que se diz respeito a destinação viável e correta dos resíduos, Catapreta afirma que a última destinação a ser dada seria o envio para a disposição final nos aterros, pois dessa forma não há aproveitamento. “As soluções devem ser abordadas de acordo com a realidade de cada região.
Existem a compostagem (produção de adubo a partir da matéria orgânica), co-processamento de resíduos (reaproveitamento), tratamento térmico (incineração e autoclavagem) etc”.
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Consequências da poluição
Entre as costas de Honduras e Guatemala há um verdadeiro mar de lixo que tem criado uma certa discussão entre os governos. Eles estão enfrentando problemas para tentar resolver a situação, que já deixa marcas irreparáveis, como a morte de animais.
Neste ano, na praia de Ubatuba, em São Paulo, um golfinho foi encontrado morto com um chinelo preso em seu focinho. A fivela do calçado estava presa em sua boca. Segundo laudo da necropsia, o objeto ficou preso no animal por meses causando infecções e impedia que ele se alimentasse.
Além disso, os estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que anualmente, 1,7 milhão de crianças com menos de 5 anos morrem no mundo devido a problemas ligados a poluição ambiental.
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