Em meio a dor de perder um ente querido, muitas famílias precisam tomar uma importante decisão: doar ou não os órgãos do falecido. “Cinco pessoas foram beneficiadas. Cinco novas chances de vida, nós conseguimos ver a realização de milagres devido a um único ser”. Essa é a fala do empresário Fábio Leonardo, que mesmo enfrentando a dor de perder um filho, de apenas 15 anos, optou pela doação, transformando vidas. “Foi um processo em que eu não tinha qualquer dúvida. Eu sou doador e, devido à situação e a pessoa que o Bruno era, decidimos que essa era a melhor decisão”.
Ele destaca ainda que não entende porque as pessoas não realizam essa ação. “Temos que pensar o que seria mais importante para quem se foi. Se enterrar ou cremar com tudo que nele estava, pudesse trazê-lo de volta seria diferente, mas como não podemos trazer o brilho dele para o nosso lado, porque não fazer esse brilho continuar na vida das pessoas”.
Ah Fábio, se todos pensassem assim… Mesmo, com a orientação do Ministério da Saúde para que as pessoas sempre conversem com seus familiares indicando se querem ou não ser doadores após a morte, cerca de 40% das famílias se recusam a doar.
Os dados do MG Transplantes mostram que, só no primeiro semestre, foram realizados 1.438 transplantes. Enquanto que, no ano passado, foram 1.976. “Isso evidencia um crescimento substancial. Espero que continuemos melhorando. A expectativa é de 2.400 transplantados para 2017. Pode ser o recorde dos últimos anos”, acredita o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado.
Longa espera
Segundo a instituição, a lista de espera, em Minas Gerais, até agosto de 2017, conta com 3.428 pessoas e, os órgãos mais demandados são: rim, córnea e fígado.
Cançado diz que não há legislação específica para a doação, basta que a família autorize (parentes até segundo grau). E no caso de menores, os pais devem assinar a autorização. Ele explica ainda como é o procedimento de recolhimento e distribuição dos órgãos. “Quando há suspeita de morte encefálica são realizados exames (clínicos e complementares) para comprovar o diagnóstico, que duram no mínimo 6h a 24h, mas o quanto antes for feito, melhor, devido a deterioração das funções vitais. É realizada uma entrevista com a família sob a ótica de um profissional treinado (enfermeiros, assistentes social e psicólogos) para ver a possibilidade da doação. Percebemos que ainda há muito preconceito”.
O diretor do MG Transplantes conta que não há um tempo médio de espera na fila, pois depende de uma série de fatores anatômicos e imunológicos entre o doador e receptor, ou seja, a compatibilidade. “O tempo é levado em consideração quando há um empate nos critérios para receber o órgão”.
Dependendo do tipo de doação, a pessoa que está na fila precisa se submeter a exames periodicamente. “A equipe avalia o paciente e são realizados exames pré-operatórios. No Brasil, cerca 90% dos transplantes são feitos pelo SUS e, em Minas, esse número se aproxima ainda mais dos 100%”.
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[box title=”” bg_color=”#7c9bbf” align=”center”]Alguns hospitais credenciados em BH
BIOCOR, Hospital da Baleia, Felício Rocho, Hospital das Clínicas da UFMG, MaterDei, Santa Casa e outros (veja a lista completa no site).[/box]
[box title=”” bg_color=”#e5e5e5″ align=”center”]Você viu?
Um vídeo comovente tem circulado nas mídias sociais. Ele narra a história de um senhor e seu cachorro, que vivem felizes em sua rotina diária. Certo dia, o senhor passa mal e vai para o hospital. Seu cão segue a ambulância e fica o aguardando por dias. Até que uma mulher, em uma cadeira de rodas, sai do hospital. Ele, por sua fez olha para a mulher e corre até ela, com alegria, como se estivesse vendo o seu amigo – que havia falecido e era doador de órgãos. Veja o vídeo clicando AQUI. [/box]
Foto da matéria: Henry Milléo/Gazeta do Povo*