Com o intuito de aquecer a economia brasileira, que vinha de resultados ruins em 2016 com a queda de 3,6% do PIB, taxa de desemprego em 8,9% e inflação acima de 10%, o governo federal decidiu liberar os saques das contas inativas do FGTS. O período para retirar o benefício começou no dia 10 de março e terminou em 31 de julho. Apenas as contas que foram desativadas até 31 de dezembro de 2015 é que puderam ter o valor sacado.
Segundo dados da Caixa Econômica Federal, foram pagos mais de R$ 44 bilhões relativos às contas inativas, o que representa 88% do valor atualizado disponível. Além disso, a medida beneficiou mais de 25,9 milhões de trabalhadores no Brasil. Já em Minas Gerais, 99% do benefício foi sacado e R$ 3,7 bilhões foram injetados na economia. No Estado, aproximadamente 3 milhões de trabalhadores tinham dinheiro no FGTS inativo, dos quais 2,7 milhões sacaram o valor.
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, destaca que esses recursos tiveram como principais destinos quitar dívidas e comprar novos produtos. Segundo dados do IBGE, durante o período do saques das contas inativas, houve uma redução de 3 pontos percentuais (p.p.) no nível de endividamento – todo o compromisso financeiro assumido por uma pessoa/família – e 2,8 p.p. de queda na inadimplência – quando há atrasos no pagamento das dívidas. “Esse movimento foi muito bom para a economia, porque se há um índice muito alto de inadimplência, as pessoas não vão conseguir obter crédito no mercado, o que impacta no seu consumo, principalmente bens duráveis que necessitam de financiamento”.
Os números do comércio também foram melhores neste ano. Se em 2016, o índice neste período era negativo, em 2017 o volume de vendas no comércio varejista em abril, maio e junho foram de 4,6; 5,1 e 6,7, respectivamente. “A análise do impacto do dinheiro sacados das contas inativas não pode ser feita de uma maneira direta, pois não há dados que comprovem que apenas o FGTS ocasionou isso, mas é certo que contribuiu muito, principalmente devido ao montante injetado”.
Almeida diz ainda que é sempre uma boa escolha, quando possível, sacar o dinheiro das contas do fundo de garantia, pois esse investimento possui baixas taxas de juros. “O ponto positivo do FGTS é para aquelas pessoas que não conseguem juntar dinheiro e acabam gastando mais do que recebem. Além disso, é um recurso importante para quem quer comprar a casa própria”.
Boa hora
A jornalista Rafaela Andrade foi uma das pessoas beneficiadas pelos saques das contas inativas do FGTS. Ela conseguiu retirar aproximadamente R$ 750 relativos a um ano de serviços prestados para uma empresa especializada em distribuição de vidros e espelhos. “Esse dinheiro veio em uma boa hora, pois havia pouco tempo em que tinha perdido o meu celular e aproveitei para comprar um novo. Também paguei umas contas que estavam atrasadas”, relata.
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