Dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontam um aumento de 80% nos casos de caxumba no Estado. De janeiro a junho deste ano, 1.883 pessoas foram infectadas pela doença. A média é de 300 casos por mês. De acordo com a SES-MG, jovens e adultos que estão sendo acometidos pela doença não se imunizaram ou tomaram apenas uma dose da medicação. A vacina contra a caxumba é disponibilizada pelo SUS.
Segundo a infectologista e professora do departamento de clínica médica da UFMG, Marise Fonseca, a vacinação é a principal forma de se proteger da patologia. “A caxumba só é notificada em casos de surtos e não de forma compulsória como a dengue e meningite. Ela tem aumentado não só em Minas, mas em vários Estados do país. Geralmente, quem contrai a doença ou não vacinou ou não tomou todas as doses”.
O consultor científico da Bio-Manguinhos/Fiocruz, Reinaldo de Menezes, destaca que é preciso duas doses para uma maior prevenção. “Ela é aplicada em forma tríplice viral, junto com a de sarampo e rubéola. A recomendação é que a primeira seja feita aos 12 meses. Após isso, aos 15 meses, a tetra viral protege também contra a varicela”.
Contudo, a vacina não é 100% eficaz. “Nenhuma vacina imuniza completamente. Sempre existem falhas por motivos de natureza genética ou razões que não sabemos. O vírus da caxumba tem como característica fazer com que a resposta imune não seja tão potente. Quando a pessoa toma apenas uma dose, ela garante cerca de 80% da proteção. Com duas doses, esse índice sobe para 90%”, informa Menezes.
Entenda a caxumba
A infectologista explica que a doença inflama algumas regiões do corpo. “Glândulas salivares, tanto a parótida quanto as mandibulares e cervicais. A patologia é transmitida por meio de gotículas de saliva, seja gerada por tosse, fala ou por usar materiais que estejam contaminados como copo e talheres”.
Foi justamente o que aconteceu com a filha de 14 anos da aposentada Maria Cristina Bugim, que se recuperou, recentemente, do problema. “Ela frequenta o grupo de dança da escola e, nos ensaios, os dançarinos se descuidam e compartilham as garrafinhas de água. Ela e mais uns quatro participantes contraíram o vírus e na escola dela houve um surto. Foi a primeira vez que ela teve a patologia e já havia tomado duas doses da vacina”.
Maria recorda que a adolescente começou a sentir dores na mandíbula. “Ela foi sentindo cada vez mais dor. Levei ela ao médico e foi constatada a caxumba. O médico me disse que os funcionários do hospital deviam ter isolado ela para não correr o risco de infectar outras crianças. Após o tratamento, ela ficou de licença por 7 dias e se recuperou muito bem”.
A professora da UFMG explica que, em sua maioria, a doença se apresenta de forma branda. “Grande parte das pessoas se curam com facilidade. Nos casos mais graves, a caxumba pode gerar infertilidade em adolescentes e adultos, pois podem causar infecção no testículo e ovário. Não existe um tratamento específico para a patologia e ela pode acometer diferentes indivíduos em qualquer idade, mas é mais comum em crianças”.
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