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Conheça a Síndrome de Reye, doença rara que atinge principalmente crianças

Você já ouviu falar da Síndrome de Reye? Apesar de pouca conhecida devido a baixa incidência, a doença é altamente mortal. De acordo com dados da National Reye’s Syndrome Foundation (NRSF), entidade norte-americana responsável pela disseminação de informações sobre a doença, nos Estados Unidos menos de 20 crianças são afetadas a cada ano. No Brasil, os números são desconhecidos.

Clay Brites, pediatra e neurologista infantil, afirma que a causa para desencadear a síndrome ainda é desconhecida, o que se sabe é que ela pode surgir após um quadro viral e a ingestão de aspirinas, em especial remédios que possuem o ácido acetilsalicilático (AAS) em sua composição. “Qualquer pessoa pode ter a Síndrome de Reye, mas ela atinge principalmente as crianças, porque os pequenos estão mais propensos a terem quadros alérgicos e virais, além do fígado ainda estar em formação”.

Os principais sintomas são náuseas constantes, dor de cabeça e a perda dos sentidos, fazendo com que a criança desenvolva um quadro de coma. “Os sinais aparecem de 5 a 7 dias depois da enfermidade viral começar. Pelo fato de atacar o fígado primeiro, há uma liberação de várias substâncias que vão para o cérebro e, ao chegar lá, ocasionam lesões que podem ser irreversíveis”, alerta o pediatra.

De acordo com o especialista, o risco de morte é de 21%, podendo chegar a 81% em casos de diagnósticos tardios. Das crianças que conseguem se recuperar, a maioria tem sequelas cerebrais.

Tratamento

Não há um tratamento que cure a síndrome. São feitas intervenções para controle dos efeitos causados pela doença. “Devem ser administrados por via endovenosa, líquidos com eletrólitos e glicose para manter o equilíbrio no funcionamento do organismo e vitamina K para prevenir a hemorragia. Tudo o que fazemos é para tentar equilibrar o corpo para que ele volte a funcionar como antes”, diz o médico.

Outro ponto destacado por Brites é a reincidência da síndrome. “Quando a criança recebe alta após o tratamento, os responsáveis recebem um formulário explicando o que causou aquele quadro e eles precisam se comprometer a não medicá-las sem o auxílio médico”.

Um caso em 21 anos

O pediatra conta que, em 21 anos de profissão, diagnosticou apenas uma criança com a Síndrome de Reye. Segundo o profissional, a mãe levou o filho ao pronto-socorro, que vomitava muito e tinha poucos reflexos. “Chamávamos pelo nome, mas a criança não respondia, pois já estava praticamente em coma. A primeira suspeita foi de meningite, afinal ela estava meio amarela e com lesões no fígado. Entretanto, após exames e conversa com a mãe, diagnosticamos a síndrome”.

Segundo Brites, a criança ficou vários dias internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e precisava de aparelhos para respirar. Após o tratamento, ela sobreviveu, mas sofreu sequelas cerebrais e adquiriu deficiência intelectual.

É válido ressaltar que a principal forma de evitar a síndrome é não medicar a criança por conta própria. “As pessoas precisam consultar o médico antes de tomar qualquer remédio, pois aquilo também é um ser estranho dentro do organismo. Além disso, a Síndrome de Reye é um ‘recado’ para quem acha que tratamento de crises virais devem ser feitos apenas com medicamentos. As crianças podem se recuperar com alguns cuidados a mais, como a ingestão de água, soro caseiro e uma boa alimentação”, finaliza.